quinta-feira, 17 de julho de 2008

Moda e Ray-Ban

(Ray-Ban, fundado em 1937, por Bausch & Lomb. Introduzidos na cultura POP pelas Forças Aéreas norte-americanas)

A moda é uma coisa que muda bastante. Minha relação com ela se faz mais presente no que diz respeito aos óculos escuros.


Quando eu tinha uns 12 anos de idade, meu tio C. deixou aqui em minha casa um óculos Ray-Ban legitimíssimo. Era aqueles de aviador. Eu tinha 12 anos em 2002. Além de ser de aviador, ainda tinha aquela cordinha para colocar por detrás do pescoço (descobrir que pescoço, em espanhol, é cuello, foi hilário). Eu, naquela época, já sabia da fama e do status de um Ray-Ban na vida de uma pessoa. Qualquer pessoa.


Criei coragem e, primeiramente, retirei a cordinha dele e fui à luta. Um dia fui para o colégio com ele. Estudei, de 2001 até 2007, ou seja, da minha 5ª série até o meu pré-vestibular (nunca falei 3° ano porque em todo o meu ensino médio me preparei para o vestibular, então, o último ano da escola era ano de vestibular sério, não apenas ano de acabar a escola), no Colégio Santa Mônica, no Cachambi, aqui mesmo no Rio. Isso, claro, sem meus pais saberem. Era um segredo que apenas seria revelado no local do crime, para a surpresa dos colegas e para a minha própria vergonha.


Chegando ao colégio, fiquei no pátio na espera de o sinal tocar para todos subirem os degraus que levariam à sala. Os colegas e amigos começaram a chegar. Isso ocorreu em julho de 2003, nunca me esqueço. As pessoas começaram a me chamar de bezorão e de Reginaldo Rossi. Demorou em torno de 2 anos para o apelido sumir por completo.


Uns 4 anos depois, minha mãe jogou o óculos fora. Creio que ela estava fora de si. Ray-Bans não se jogam fora. Ray-Bans se vendem, no mínimo, por um bom preço. O motivo que ela alegou para tal sandice foi a feiura deles. Depois concluí que é raro minha mãe gostar de alguma roupa ou adereço utilizado por mim. Começou, então, a OP (Operação Resgate). Eu e minha avó L. começamos a catar o óculos. Como minha mãe A. disse que os havia jogado fora e na ocasião ainda não era dia de lixeiro, concluímos o local óbvio em que o óculos deveria estar. Sim, é nojento. Mas por um Ray-Ban tudo pode.


Ele foi achado e lavado. Apesar de tudo, nunca mais foi o mesmo. Ficou meio tortinho e meio arranhado. Eu não guardo rancor de ninguém (ou de quase ninguém). Não gosto de vinganças. E se errar é humano, perdoar é divino. Além disso, era minha mãe. É contra minha índole ficar brigado por muito tempo com mães, senão quem coloca nosso jantarzinho, cafézinho... =(


Um ano depois, em 2008, surgiu a oportunidade de usufruir livre e espontaneamente de outro Ray-Ban. Minha avó L. comprou, há 15 anos, um óculos escuros (de lentes amarelas, na verdade) que, segundo ela jura de pés juntos e amarrados, é Ray-Ban. Um dia fui, com meus amigos do peito, ao Zoológico do Rio de Janeiro, em São Cristóvão. Minha avó disse que estava muito sol, que seria bom usar uma proteção. Coloquei esses tais óculos. Ficou estiloso. Fui para lá. Todos acharam a última sensação do momento. Só para fins comparativos: esse óculos eram até maiores que aquele outro. O utilzo, com certa frequência, até hoje. Minha mãe e meu pai H., claro, não gostaram muito dele. Nem ligo, pois eles foram adolescentes-quase-adultos no início dos anos 1980 e eu sou adolescente-quase-adulto (duas semanas e um dia, que faltam) na segunda metade dos anos 2000. Eu fui um pré-adolescente-adolescente no início dos anos 2000, agora já é outra fase. Isso mostra que a visão de moda deles é completamente oposta a nossa (grandes e lindos jovens).


Admito que há certas coisas que eu usava no passado, que hoje eu nunca mais usaria. Um exemplo, e o mais forte deles, é o cabelo repartido e lambido. Sem comentários e sem fotos, para que vocês não conheçam esse lado negro e obscuro de minha existência.

Um comentário:

Renan Wilbert disse...

Dentro de dez anos, portanto...
"Ah, meu Deus! No dia 19/07/08 eu usei um colete com uma blusa da mesma cor que a minha calça!"