sexta-feira, 23 de novembro de 2012

terça-feira, 20 de novembro de 2012

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Registros familiares

Vovô Sergio! Chegou ao Brasil em 16 de setembro de 1951! Sua história foi a história de muitos, quando nosso país ainda era terra que recebia imigrantes de uma Europa destruída por sucessivas guerras. Ele teve seu pai assassinado, quando tinha apenas 6 anos, durante a Guerra Civil Espanhola, e não quis para ele um destino difícil e predestinado para quem era da Galícia: trabalho pesado no campo, sem oportunidade de estudo. Ao deixar seu país, com apenas 21 anos, nunca mais viu sua mãe e vários outros familiares e amigos. Com a promessa de um reencontro, também ficou longe por sete anos de sua namorada e de sua filha de apenas um ano. Por procuração, em 1956, se casaram, e minha avó com minha tia vieram, também para sempre, em 1957. Aqui, meu avô trabalhou de cozinheiro no Hotel Glória, comerciante de arroz, dono de bar... tudo um pouco, para sustentar a família que aos poucos ia crescendo, com mais dois filhos e os primos e amigos que vinham para o Brasil com o mesmo intuito que ele. Ele foi o primeiro a chegar, se instalando no Catumbi, para depois vir o tio Pepe, o seu Liño, o primo Julio... Aqui, no Rio, deu educação aos filhos e viu nascer 6 netos, hoje todos estudados. Deus lhe deu apenas uma - e decisiva - oportunidade de reencontrar seu passado: voltou apenas uma vez para sua terra natal, em 1992. Minha avó deu a ele a promessa de um retorno, mas infelizmente ele adoeceu e faleceu, em 1997. Minha avó o ama hoje com a mesma intensidade que o amou no primeiro beijo, em 24 de junho de 1948. Tenho certeza que falo, neste momento, por todos da minha família, com o orgulho e a felicidade de ser um Sobral Arosa. Infelizmente, tive pouco contato com vovô, pois morreu quando eu tinha 7 anos, mas o dia de sua morte ainda é vivo na minha memória. Hoje posso recriar cada instante daquele dia. Ainda assim, ele está comigo quando me interesso pelo meu passado, quando vou à Espanha, quando conheço e mantenho contato com minha família, que além desta daqui é, com certeza, a de lá. Uma família de imigrantes vive a alegria de ter crescido e sido bem acolhida em outro país, mas vive eternamente uma saudade pela separação que a necessidade causou. De certa forma a história da minha família me fez nunca ter coragem de, pelo menos por enquanto, pensar em sair do país. Por todas as vantagens que tivemos, a dor de se separar é muito grande.

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Minha grande vovó!

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Tio Pepe!