domingo, 19 de abril de 2009

A miserável estrelada


Eu estava outro dia no site do jornal "O Globo", como sempre, e li uma reportagem sobre o programa "Britain's got talent". Falava-se sobre uma mulher chamada Susan Boyle, escocesa, 47 de idade. Ela apareceu com um rostinho redondo, cabelos grisalhos, meio cheinha. Um vestido até que bonito, e com certo bom humor estampado no rosto. Aquela típica pessoa que a gente gosta por ter uma carinha sofrida e melancólica. Tal sentimento, na verdade, aproxima-se mais da pena. Enfim, chegando lá, ela disse que cantaria a música "I dreamed a dream", composta por Claude-Michel Schönberg, para o musical "Os miseráveis", inspirado no livro homônimo do romântico francês, do século XIX, Victor Hugo. A câmera faz questão de mostrar o rosto dos jovens e adultos, incrédulos e debochados, desacreditados na capacidade da senhorinha, acreditando que ela seria mais um show de humor do que de qualidade e primor. E, para fechar o pacote da "coitadinha-feinha-que todo mundo ama", ela afirma "nunca ter beijado na boca". Não é fofo?

Ao começar a cantar, Susan mostrou a que realmente veio. Deixou a todos de queixo caído. O programa, que possui um similar nos Estados Unidos, chamado "American's got talent", é ancorado por Simon Cowell, o mesmo de "American Idol". Segundo certos jornais, ele já haveria acertado um contrato com Susan Boyle para um CD pós-programa. Ela só teve, por enquanto, uma aparição no show de calouros, em que não apenas a voz é destaque, dando-se espaço para todo tipo de estripulia. Dia 30 de maio será o dia de retorno da nova diva. Vamos ver no que vai dar.

Assim como ela, o programa teve, em sua 1ª temporada - ele já está na 3ª -, um caso semelhante. Um homem com saúde debilitada e feio, arrasou na voz. Ganhou o programa. Tomara que Susan ganhe também.

Agora, uma dúvida. O jornalista André Miranda colocou a questão no ar. Na edição de hoje do "Segundo caderno", ele joga o verde: "No último dia 11, a escocesa Susan Boyle apareceu na TV no palco do 'Britain's got talent', um programa cujo objetivo é revelar - ou, talvez, criar - uma estrela". Será, então, que eles estão com ela por ser uma boa cantora, ou por ser a anti-estrela, um certo chamariz-inverso, um marketing ao contrário, para ganhar público? Ai... Já gosto tanto dela que nem consigo expor a teoria da conspiração de maneira totalmente satisfatória.

Aqui o vídeo, no YouTube, de sua apresentação: http://www.youtube.com/watch?v=j15caPf1FRk

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Filhos e irmãs paraguaios


Os jornais noticiaram, esta semana, o escândalo que acometeu o Paraguai. Seu presidente, Fernando Lugo, ex-bispo da Igreja Católica, assumiu um filho, de dois anos de idade. O problema é que, apenas dois meses antes de ser eleito político maior do país, acabando com a domínio de sessenta anos de governo do Partido Colorado, Lugo recebeu a permissão do Papa para deixar os serviços religiosos. Se a criança tem os anos que tem, significa que o homem engravidou uma mulher enquanto ainda era supostamente casto. Depois da repercussão internacional do caso, o presidente Lugo pediu perdão ao país e assumiu, em cartório, a partenidade da criança, que leva seu segundo nome. Viviana Carrillo, mãe da criança, iniciou o romance com Fernando Lugo quando ela possuía apenas dezesseis anos, sendo que o presidente já tinha quarenta e sete.


Coisas da vida. Pelo que eu sei e o que Vovó me conta, na Galícia, padres e mais padres tinham filhos e mais filhos. Havia até um caso de um, que morava próximo a minha família, em Pontevedra ou Vila Boa, não lembro, que levou os filhos para casa, mas sempre dizia que eles eram apenas sobrinhos, e os faziam chamá-lo de 'titio'. O grande problema era que todas as crianças eram a cara cuspida e escarrada dele.


Então, o que realmente me afligiu foi uma coisa que li na reportagem de Janaína Figueiredo, correspondete internacional do jornal "O Globo", situada em Buenos Aires, na Argentina, incumbida de cobrir a América Latina. Ela afirmou, em seu texto, que a primeira dama do país é a irmã do presidente Fernando Lugo. Hãn? Como assim?


Tube bem que era bem provável que a primeira dama do país não fosse a mulher dele, haja visto que ele pediu licença ao Vaticano apenas dois meses antes de assumir o cargo. Mas também nunca tinha visto antes irmã primeira dama. Ou ele casou-se com a irmã, configurando-se um incesto, ou lá naquele país não se permite o fato de um presidente não ser casado. Pois para mim, não seria um pré-requisito para uma eleição presidencial o candidato ser casado. Devem existir presidentes sem esposas e, consequentemente, governos sem primeiras damas. Enfim, a reportagem não exclareceu minhas dúvidas. Um pequeno erro, afinal. Como aqui no Brasil não se tem esse costume de colocar irmãs como primeiras damas, deveria ser obrigação do jornalista deixar claro esta diferença cultural.

domingo, 5 de abril de 2009

O primo, o Grajaú e a bunda


Eça de Queiroz é considerado um dos mais importantes autores de língua portuguesa. Nascido no século XIX, na cidade de Póvoa de Varzim, ao norte de Portugal, foi consagrado como um dos símbolos da literatura realista mundial. Comparativamente, pode-se dizer que Machado de Assis está para o Brasil assim como Eça de Queiroz está para Portugal. Escreveu clássicos, como "O primo Basílio", "O crime do padre Amaro" e "Os Maias", sendo o primeiro e o segundo transformados em filme e o último, no Brasil, em minissérie. Fala-se que, mundialmente, os autores lusitanos mais conhecidos são Eça de Queiroz, José Saramago e o poeta Fernando Pessoa.

Pois então, como eu estou falando dele, vamos falar também sobre o filme "O primo Basílio". Feito no Brasil no ano de 2006, foi dirigido por Daniel Filho e estrelado por Déborah Falabella, Fábio Assunção, Reynaldo Gianecchini e Glória Pires. A casa usada como cenário para as traições e emoções do filme ficava situada no bairro carioca do Grajaú, mais conhecido como "Minha Terrinha" =)

Eu me lembro que ia com duas amigas gêmeas para a Rua Itabaiana, em um calor de 40º, para ver o Reynaldo Gianecchini e o Daniel Filho saindo pela casa para tirar o carro da garagem. Uma cena que, no filme, durava apenas alguns dois minutos e, na realidade, para ser filmada, durava alguns quarenta minutos. Era a época da Copa do Mundo de 2006 e tudo era alegria e felicidade.
Disse que veria o filme, assim que ele saísse nos cinemas. Não o fui. Até que ontem, por intermédio de minha Abuelita querida, o aluguei na locadora que tem aqui perto de casa. Minha avó é espanhola e não consegue acompanhar as legendas em português ou espanhol de filmes ingleses, irlandeses, estadunidenses, alemães et cetera, et cetera. Ou temos que ver um Pedro Almodóvar ou um Fernando Meirelles. O que é ótimo, pois eles são de excelente qualidade.

O filme é de todo bom. Ainda não li o livro, o que é muito triste. Sempre gosto de, primeiramente, ler os livros para depois ver os filmes proveniente dele. Com isso, minha mente não fica presa aos personagens da sétima arte. Mas como o filme já estava lá, o aluguei mesmo. Consegue captar a tensão entre empregada/patroa de forma deveras emocionante. Não é nada comparável a um "24 horas", mas é digno de um coração batendo um tico mais forte. As melhores interpretações são da empregada Juliana (Glória Pires) e da excelentíssima Déborah Falabella (Luísa), brilhante em suas crises nervosas. Reynaldo (Jorge) consegue fazer a ponte de forma profissional entre a mulher e seu primo Basílio (Fábio Assunção) e a empregada. Triste é ver Zezeh Barbosa, como sempre um primor de atriz, um tanto mal aproveitada. Mas vai ver foi apenas exigência da obra literária. Acho até que estou sendo um pouco injusto. Aquele tabefe dado por ela e aquele abraço ajoelhado são duas coisas de no mínimo grande beleza. Só vendo para saber.

As línguas maliciosas dizem que o filme vale a pena pela bunda do Fábio Assunção. Não sei. Já vi melhores.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

A pele mais bonita e a vida mais colorida

Eu fui, na quarta-feira, assistir ao filme "Simplesmente feliz". Resolvi ir logo naquele dia mesmo, ainda que sozinho. Isso em razão da sessão do meio da semana ser muito mais barata do que nos outros dias.

O filme estava passando no "Estação de Cinema", do grupo Estação, mesmo do Odeon. Lá, para minha surpresa, fica um dos melhores sebos da cidade do Rio de Janeiro. Mas como eu tenho memória de peixe, não me lembro do nome do dito cujo. Sendo que podem deixar. Depois, quando eu recordar, falo para vocês. (É ótimo quando a gente fala como se tivesse milhares de leitores).


Como sempre acontece quando estou saindo sozinho para algum lugar, tenho a impressão de que todos estão me olhando. Ou para julgar meu modo de vestir, ou para ver que livro estou lendo, ou para se perguntarem o que aquele filho da puta mal amado está fazendo sozinho. Mas são coisas da nossa cabeça. É só abstrair e fazer carão.


Quando entrei na sala 1 do cinema, vi aquela imensidão. Meu Deus, acho que em muito tempo não via uma sala grande daqueles. Ok, ela não era nem tão grande assim, eu que devo estar exagerando ou tendo parâmetros muito ruins, tipo sala de cinema do Iguatemi.


Daí, como não poderia faltar, um velho que acho que nunca havia visto um celular na vida antes, falava horrores e extremamente alto, para toda a sala, que não estava cheia, ouvir. Até tudo bem fazer isso antes do filme começar, mas depois também? O pior foi um cara que se sentou ao meu lado, mandando o outro fazer silêncio. Acho que a vergonha alheia não me permitiria falar absolutamente nada.


Enfim, quando as luzes se apagaram, fechei "Ulisses" e passei a degustar outra arte.


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Com o filme, eu percebi que vale a pena ser feliz. Vale a pena rir de qualquer coisa, vale a pena não se estressar com as coisas corriqueiras da vida. Vale não entrar em depressão porque você não tem um namoro, um carro, uma casa, um curso, uma roupa, uma bicicleta, um livro, uma vida. Rir vai deixar a sua pele mais bonita, a sua vida mais colorida. Não se importe com a chateação do outro em relação a sua alegria extrema, ao seu bom humor cotidiano. Isso é inveja. Ria quando você for assaltado, pois se assim o faz é porque te deixaram vivo, o que é motivo suficiente para dar uma gargalhada. Ria quando você cair na rua, para as outras pessoas rirem com você. Ria quando a vida estiver aparentemente uma merda, para que assim ela não se torne uma merda completa. Rir não custa nada, literalmente. O seu riso vai fazer o riso de outra pessoa. Faça isso pelo outro. Ele vai gostar. Sorrir vai te fazer viver mais, tenha certeza. Pense que a vida do outro sempre deve ser pior e que ele está sempre mais feliz que você. Pense positivo. A alegria que isso vai te trazer é inigualável. Viva a vida assim, pois a vida tem que ser assim.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Garimpando a felicidade






Hoje eu vou assistir ao filme "Simplesmente feliz", no Cinema Estação, em Botafoto, por R$ 7,00.


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Amanhã eu vou comprar, no 11° andar da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), o livro "O encontro marcado", de Fernando Sabino, por R$ 13,00.


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Sexta-feira eu vou à Maratona Odeon Br, com quatro pré-estreias, sendo elas de "W", de Oliver Stone, "Tony Manero", de Pablo Larrain, "A garota ideal", de Craig Gillespie e "Sinédoque, Nova York", de Charlie Kaufman. Tudo isso por apenas R$ 30,00. Ou, melhor dizendo, R$ 15,00, pois somos felizardos estudantes do meu Brasil varonil.
Em termos claros: cada filme sai em torno de R$ 3,75 ! Para pré-estreias, é pouco, não?
Como sou feliz.
Não houve Maratona em março por causa de problemas com o ar condicionado. Justamente no mês em que eu poderia ir direitinho, sem nenhum programa no mesmo dia. Para abril, infelizmente, apareceu outro programa. Mas ainda vou pensar bastante, para decidir-me sobre a cadeirinha bonitinha, no escurinho friozinho do cineminha.