sábado, 28 de janeiro de 2012

"Se eu lhe contasse: um retrato acabado de Picasso"


Se eu lhe contasse ele gostaria. Ele gostaria se eu lhe contasse.
Ele gostaria se Napoleão se Napoleão gostasse gostaria ele gostaria.
Se Napoleão se eu lhe contasse se eu lhe contasse se Napoleão.
Gostaria se eu lhe contasse se eu lhe contasse se Napoleão.
Gostaria se Napoleão se Napoleão se eu lhe contasse.
Se eu lhe contasse se Napoleão se Napoleão se eu lhe contasse.
Se eu lhe contasse ele gostaria ele gostaria se eu lhe contasse.
Já.
Não já.
E já.
Já.

(Gertrude Stein)

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Promessas feitas

Estando perto do fim, ele acreditou em tudo o que ouviu:

Eu e você vamos passear no feriado;
Eu e você vamos comer rabanadas no Natal;
Eu e você vamos assistir aos filmes aqui em casa;
Eu e você vamos ser feitos um para o outro.

E ao chegar ao fim, ele realmente viveu tudo o que ouviu; mesmo achando que não era merecedor de ter vivido.


terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Bola de cristal

Hoje eu sonhei com meu futuro: sonhei que seria um homem realizado, sonhei que teria uma família grande, sonhei que saberia cozinhar, sonhei que todos os dias seriam um domingo de verão, sonhei que meu homem me faria feliz, sonhei que eu seria bonito ao acordar, sonhei que um dia chorariam por mim, sonhei que eu nunca quebraria a perna, sonhei que eu aprenderia a cantar, sonhei que eu teria bastante dinheiro, sonhei que eu nunca teria mais nenhum pesadelo. Hoje eu sonhei que estava sonhando.

sábado, 21 de janeiro de 2012

Antônio Alves diz que me quer


2007

Apaixonei-me por ele aos sete dias do mês de fevereiro do ano de 2007, na mesma noite em que a criança morreu presa pelo cinto de segurança arrastado no asfalto do subúrbio do Rio de Janeiro.

Ele, pouco mais velhos, trouxe a segurança afetiva que a lacuna sentimental retirou de mim. Como se fosse um papai, Antônio Alves dizia qualquer coisa ao meu ouvido com uma voz de estrela de filme, que fazia com que tudo parecesse mais lindo. Dormíamos abraçados – para mim, dormir desta forma é o martírio, já que eu, não podendo mover meu corpo, tenho a sensação de que tive um derrame.

Aos dezessete de idade, ele me criou e eu deixei-me criar. Em seu aniversário fui visitá-lo na casa da família, o assisti comer seu almoço, o esperei no quarto enquanto ele conversava com os convidados, fui com a roupa que ele gostava que eu usasse. Por achar que agradava, sempre pedi desculpas quando julgava necessário.

Antônio Alves nunca verbalizou nada comigo. Por ele apenas agir, não pude cobrá-lo quando decidiu que não deveríamos nos ver mais. Eu entrei naquele imbróglio com a intensidade que ele estava saindo. Ele dominou e eu fui dominado.

2010

- Eu vou deixar a porta só encostada. Aí, você sobe as escadas, abre a porta e se ajoelha na entrada, me esperando – disse Antônio Alves.
- Não, não quero fazer essas coisas. Não sou sua prostituta pra te obedecer desse jeito – eu retruquei.
- Mas eu só gosto assim – ele me calou.
- … – exprimi, olhando ao redor e mastigando o canto da boca. – Mas eu tenho vergonha. Não estou fazendo teatro e seus vizinhos podem perceber esse negócio que a gente está fazendo – argumentei.
- Não tem problema nenhum, aqui nesse prédio todo mundo já está surdo e quase morrendo – finalizou, de pé.
- Para ser honesto, eu não sou muito chegado em colocar a boca no seu pau – envergonhei-me. – A gente pode fazer de camisinha, né?!
- Quero que você me chupe, já falei. Não quero outra coisa de você além disso – morri.
- Mas olha, então está bom. Eu posso até dar pra você (!), mas eu não quero que você goze na minha boca, ok?. Sinceramente, gosto não... – Implorei, sentado diante dele, com ele já gordo depois de alguns anos.
- Eu te filmo e deixo você me chupar de camisinha – Antônio Alves afirmou, olhando para o quarto do lado, reservado já com câmera.
- Quê?! Posso parecer, mas não sou esses que você encontra na internet pra ficar filmando e depois bater, seu doente – Tentei gritar, mas disse baixinho.
- Eu só quero que você me chupe.

2013

Passei a gostar de plantas. Reparo sempre em como elas crescem e a forma que elas tomam, com suas flores bonitas. Na avenida, andando depois de sair do apartamento de Antônio Alves, já seu ator recorrente, vi que o pinheiro de frente de casa já tinha passado do telhado. Isso significa sofrimento ao dono da casa.

Enquanto todas aquelas árvores, plantas, flores iam crescendo, já no verão, apesar da primavera, eu ia diminuindo pela necessidade de Antônio Alves, sempre ali, para dizer, a seu modo, que eu te amo.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

sábado, 14 de janeiro de 2012

O preconceito no armário

Ele está ali no meio das roupas que vestimos a cada dia. Invisível, sem cheiro. É como se fosse uma caspa que só os outros enxergam. O preconceito fica guardado nas gavetas das coisas ditas e ouvidas, em casa, na escola, no trabalho. Escondemos, por vergonha. Ou, o que é pior, nos recusamos a reconhecer que ele existe. Até o momento em que o preconceito sai do armário de forma irracional.

Foi o que aconteceu na USP com um PM, o sargento André Ferreira. O sargento parecia uma pessoa normal, dialogando com universitários que ocupavam um espaço da universidade. Pedia que se retirassem dali. De repente, viu ao fundo um rapaz negro, com cabelo rasta, de tranças longas. O sargento se transformou num ogro. “E você aí, é estudante? Cadê a carteirinha?”, perguntou. O rapaz respondeu: “Sou. Dou a minha palavra”. Mas não mostrou documento.

O sargento se descontrolou: apontou a arma, puxou-o pelos cabelos e pela roupa, empurrou, agrediu e o enxotou. No fim, Nicolas Menezes Barreto tirou a carteira de estudante da USP do bolso. O vídeo (assista no blog Bombou na Web) é de uma brutalidade que atinge qualquer um que tenha noção de direitos humanos. A Polícia Militar afastou o sargento por despreparo e descontrole emocional.

Mas por que o rapaz negro não mostrou logo o documento que o policial branco exigiu? Insolente, não conhece o seu lugar. É o que muita gente boa diz por aí. Entendo a reação do estudante à atitude ofensiva do PM. Foi uma cena de preconceito racial explícito. O sargento não teria agido assim com um branco. Nicolas sabia disso. Deve ter sido a enésima vez em que enfrentou suspeita pela cor da pele.

Por muito menos, já me recusei a mostrar a carteira de jornalista. Cobri como repórter a temporada de Fórmula 1 em 1990. A cada corrida, eu era abordada por fiscais do autódromo nos bastidores. Os fiscais não pediam a credencial de meus colegas homens. No terceiro país em que isso se repetiu, eu estava acompanhada de um amigo sem a credencial adequada. O fiscal exigiu meu documento. Eu disse: “Não vou mostrar. Vá pedir ao Bernie Ecclestone (o homem forte da F-1)”. Era evidente que, só por eu ser mulher, eles desconfiavam que eu fosse uma maria gasolina da vida. Depois de um tempo, irrita. Esse e outros episódios me revelaram que eu trafegava muitas vezes numa pista masculina.

O preconceito fica guardado nas gavetas das coisas ditas e ouvidas. Até que sai de forma irracional

Sou contra cotas sexuais ou raciais. O mérito determina uma promoção. Mas o último Censo do IBGE me surpreendeu. A educação deveria ter reduzido mais a desigualdade entre os sexos. A mulher tem hoje no Brasil dois anos de escolaridade a mais que o homem, mas ganha em média 30% menos que ele. E, quanto mais instruída é a mulher, maior a diferença entre seu salário e o do homem com a mesma escolaridade. Dos brasileiros que ganham acima de 20 salários mínimos, os homens são mais de 80%. Só um punhado de mulheres chega à direção e a cargos executivos. Existe ou não uma discriminação sutil no mundo que manda?

Os gays sofrem mais. O ator Marcelo Serrado não deseja que sua filha de 7 anos veja um beijo gay na novela das 21 horas. Ele faz o caricato Crô, um dos personagens mais populares de Fina estampa. Serrado acha que homossexuais só devem se beijar na televisão depois das 23 horas. Assassinatos, traições, prostituição, porradas do marido na mulher, isso tudo passa no horário nobre. “Detesto a homofobia, mas as barreiras devem ser quebradas aos poucos”, disse Serrado. “Tenho vários amigos gays, um foi jantar na minha casa na sexta-feira passada.”

Homossexuais influentes lastimaram a declaração de Serrado. “Ele tem o direito de educar sua filha como quiser”, diz Alexandre Vidal Porto, diplomata brasileiro, em Tóquio, com 46 anos e relacionamento estável há nove. “O que acho péssimo é o ator, mesmo não querendo que a filha presencie um beijo gay, declarar que não é homofóbico. Parece aquela senhora que diz não ser racista, mas preferiria que a filha não se casasse com um negro. Ou seja, Marcelo Serrado é um homofóbico no armário. Precisa sair dele.” Vidal Porto é casado em Nova York e seu marido, americano, tem passaporte diplomático e seguro de saúde concedidos pelo Itamaraty: “Como sabemos nos defender – ele é advogado por Yale, e eu por Harvard –, é difícil nos discriminar”.

O beijo é uma manifestação de afeto. Se os telejornais mostram casais gays reais se beijando em casamentos coletivos, por que na ficção a cena seria imprópria a crianças e adolescentes?

Em 1978, o deputado Harvey Milk foi morto por defender os homossexuais. Dez anos antes, em 1968, o Nobel da Paz Martin Luther King foi morto por defender os negros. Há quase um século, em 1913, a inglesa Emily Wilding Davison morreu ao defender o voto das mulheres. O mundo mudou, felizmente. Mas não o bastante.

Ruth de Aquino - Revista Época 16 de janeiro de 2012

O beijo gay na TV

A autora Glória Perez foi pioneira. Em 2005, tentou mostrar um beijo entre dois homens na novela América, da TV Globo. Chegou a ser gravado, mas não foi exibido. Desde então, novelistas, diretores, atores são constantemente interrogados sobre o tema. A favor ou contra? Já houve um beijo entre duas mulheres na novela Amor e revolução, do SBT, no ano passado. Sem repercussão nenhuma. Mas o que se quer realmente saber é se a Globo, emissora de maior audiência no país, ousará exibir o beijo. De acordo com a reação do entrevistado, explode um tiroteio. O último baleado pelas organizações de defesa dos direitos homossexuais foi o ator Marcelo Serrado. Em entrevista a um jornal paulistano, ele declarou não ser propriamente contra. Mas a favor da exibição em horário tardio, para que crianças como sua filha, de 7 anos, não assistam. Mexeu num vespeiro. Diante do bombardeio no Twitter, telefonei para Serrado. Escrevi no meu blog a respeito, em epoca.com.br. A mim, ele afirmou viver longe do preconceito, pois tem muitos amigos gays, que inclusive o ajudaram na composição de Crô, o mordomo afetado que interpreta na novela das 21 horas, Fina estampa. A perspectiva de Serrado para muitos pode soar preconceituosa. Mas é a do cidadão comum. Ouço constantemente esse tipo de argumento. Recentemente, um fotógrafo estava em minha casa e comentou de forma idêntica ao ator:

– E se minha filha visse?

Não conversei diretamente com nenhum alto diretor da emissora. Acredito que o motivo pelo qual o beijo gay ainda não foi exibido é por não fazer parte do cotidiano da população. A televisão entra na casa das pessoas, participa de sua intimidade. Ninguém espera deparar com um casal homoafetivo aos beijos em restaurantes, cinemas ou ruas. Os lugares onde isso acontece são estigmatizados e tratados como bolsões rotulados como territórios gays. É o caso da praia na Rua Farme de Amoedo, em Ipanema, no Rio de Janeiro, e do Shopping Frei Caneca, em São Paulo, ao qual muitos se referem como “Gay Caneca”. A preocupação da emissora é, obviamente, sofrer rejeição semelhante à de um restaurante onde as famílias deparassem com beijos gays quando fossem comer uma macarronada com seus filhos.

A lei brasileira não criminaliza o beijo gay. “A união estável entre parceiros do mesmo sexo é reconhecida no país, e para alguns juízes equiparada ao casamento. Isso implica que os casais do mesmo sexo tenham direito a demonstrações afetivas”, afirma o advogado paulista Alfredo Migliore, de 33 anos. Uma lei mais dura, que criminaliza a homofobia, está parada no Senado. É um caso raríssimo em que a lei está à frente da realidade. O próprio Ministério da Justiça, responsável pela classificação indicativa e pelo monitoramento dos programas de televisão, já deu sinal verde para a exibição do beijo gay. E isso ouvi pessoalmente.

A exibição do beijo homossexual numa novela está próxima. Não é mais questão de “se”, mas de “quando”

– Por que uma criança não pode assistir a beijos gays e sim a héteros, fartamente exibidos em todas as novelas? – pergunta um militante da causa GLBT.

A questão é complexa. Os grupos homossexuais ambicionam que a televisão promova a abertura de costumes, de cima para baixo. Não é assim que acontecem, historicamente, as transformações sociais e políticas. Elas começam de baixo para cima, em movimentos intensos. Um ativista argumentou que as paradas gays, em todo o país, são maiores que as antigas manifestações pelas Diretas Já. Mas as paradas, como já afirmei, são mais semelhantes a micaretas. Eventos festivos e isolados não promovem revoluções. Assim como não se incorporam ao cotidiano as liberdades vividas pelos homossexuais nos bolsões onde foram plantadas as bandeiras do arco-íris. Não tenho dúvida de que, se os gays se beijassem publicamente, onde quer que fosse, as novelas já mostrariam isso, porque seria um comportamento incorporado à realidade da população.

Tenho certeza de que a exibição de um beijo gay numa novela global está para acontecer. Séries americanas como Glee, Bones e House, destinadas ao grande público, já mostraram beijos gays. E o mundo não caiu por causa disso. No Brasil, não é mais questão de “se”, mas de “quando”. É esperar para ver. Mas não acredito que um beijo no horário nobre vai por si só promover a aceitação. Isso só acontecerá quando os gays incorporarem os direitos já conquistados e, apesar das eventuais agressões, incorporarem as demonstrações afetivas no cotidiano.

E ah, sim, só para concluir. Sou a favor da exibição do beijo gay na TV. Sem restrições.

Walcyr Carrasco - Revista Época 16 de janeiro de 2012

Marcelo Serrado, o equivocado

Na década de 1920, a cidade de Berlim conheceu um dos períodos mais tolerantes da história em relação à homossexualidade.

Casais do mesmo sexo eram tratados com respeito, e a cultura homossexual era aceita sem constrangimentos. Essa situação propícia se manteve até a emergência de Adolf Hitler, que mandou dezenas de milhares de homossexuais para campos de extermínio, todos com um triângulo rosa no peito.

No Brasil, ocorre situação análoga. Lentamente, a conquista pela igualdade de tratamento para os homossexuais avança. Mas a luta é inglória. Quando se pensa que os avanços estão consolidados, surge um Silas Malafaia, um Jair Bolsonaro ou um Ives Gandra Martins para lembrar que a questão está longe de ser resolvida.

O último nessa linhagem de homofóbicos é o ator Marcelo Serrado, que interpreta o personagem homossexual Crô, na novela "Fina Estampa". Em entrevista à jornalista Mônica Bergamo, publicada na edição do último domingo deste jornal ("Arrasa, bii!"), Serrado expôs seu preconceito abertamente ao declarar que não gostaria de que a sua filha de sete anos visse um beijo gay na televisão.

Em sua conta no Twitter, o ator negou que fosse preconceituoso. Como se não querer que uma criança assista a um beijo gay nada tivesse de discriminatório. Exatamente como a senhora que diz que não é racista, mas que preferiria que a filha não se casasse com um negro.

A maneira como Serrado educa a sua filha é problema dele. Não se condena o teor de suas declarações preconceituosas, porque a homofobia ainda não é crime no Brasil.

O condenável em sua atitude é a negação do óbvio. Ele tem o direito de educar a sua filha como quiser, mas não pode enganar a população tentando descaracterizar a natureza do seu preconceito. Ou seja, Serrado é um homofóbico no armário. Precisa sair dele.

Serrado terá alcançado o auge da sua fama às custas da ridicularização dos homossexuais. Para ele, explorar a homofobia da sociedade brasileira deu certo. Para a Rede Globo, também, porque os índices de audiência da novela são altos. É triste, porém, que uma emissora de televisão preste tal desserviço à consolidação da cidadania.

A imagem desrespeitosa que a televisão brasileira difunde dos homossexuais pode dar lucro às emissoras e aos atores. No entanto, causa prejuízo ao Brasil como um todo, porque solapa os esforços do governo e da sociedade no combate ao ódio e à intolerância.

A caricatura homossexual que Aguinaldo Silva compôs e que Marcelo Serrado se presta a interpretar, por exemplo, levará anos para ser desmantelada no imaginário da nação. Produzirá discriminação e gerará violência.

Em defesa da novela, poder-se-ia falar em liberdade de criação artística. No ataque, porém, é necessário recordar a noção de responsabilidade social, que as redes de televisão têm o dever de preservar.

Homossexuais caricatos sempre existiram. Não temos de negá-los. Pergunto-me, no entanto, em que novela ou reality show estarão os homossexuais comuns, que têm relações estáveis, acordam cedo para ir trabalhar e levam uma vida convencional. Eles também existem. São muitos. Pagam impostos e exigem respeito.

Ah, e beijam-se também, Marcelo Serrado, como qualquer ser humano normal. Querer ocultar esse fato de sua filha ou de quem quer que seja constitui homofobia, quer você queira, quer não.

ALEXANDRE VIDAL PORTO, 46, mestre em direito pela Universidade Harvard, é diplomata e escritor

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Trecho inédito manuscrito


"Macabéa quando vem para o Rio - Macabéa não sabia como se defender da vida numa grande cidade. Ela, que tinha um sonho impossível: o de plantar uma árvore. Que árvore, que nada; não havia nem grama sob os seus pés." (Clarice Lispector)

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Posse


Eu sou um abutre nunca satisfeito

Eu como a sua carne todo dia

Egoísta que sou

Sugo as pessoas para ser feliz

Manipulo família, amigos

Mas o amor eu não engano

Ele me quebra

E ninguém ainda reparou o dano

Eu me chamo, mas eu não gosto de como sinto que me olham.