domingo, 30 de janeiro de 2011

Quadrilha ou A vida é assim mesmo

João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João oi pra os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.

(Carlos Drummond de Andrade)

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

domingo, 23 de janeiro de 2011

sábado, 22 de janeiro de 2011

Pq escrever e sofrer

Escrevo pq sofro.

E sofro pq escrevo.

E 'pq' é pq não sei escrever bem em português mesmo.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Como a morte deve ser vista?



Quando pensava que iria um dia morrer, gostaria muito de saber como sentiria-se neste tão sublime momento. A partir dos oito anos de idade, que foi quando tomou consciência de si mesmo e do mundo como algo diferente dele, imaginou que morrendo, subiria como que por um caminho feito de nuvens, vertical, em direção ao céu, e que lá em cima Deus o estaria aguardando, de braços abertos. Juntamente, tudo que embaixo tinha, encima haveria da mesma forma, só que composto de nuvem: uma mesa de nuvem, um prato de nuvem, uma cadeira de nuvem. Em relação às pessoas, não seriam de nuvem, mas estariam vestidas com uma camisola cinza fluorescente. Ao pensar, aos oito, nesta situação, era padrão que visse seus parentes já mortos sentadinhos em mesas de nuvem, no canto direito, sorrindo para ele, de camisolas. Mas como a partir dos dez começou a duvidar de Deus e de sua existência, tal paradigma mortífero passou a ter que, necessariamente, diferenciar-se. Portanto, como ver o dia depois de amanhã? Ou não, como sentir-se ao saber de fato que amanhã será o dia depois de amanhã?

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

O início de um PC Siqueira



Vídeo que Mariane Maria fez de mim, onde eu homenageio a Júlia, minha afilhada lindona que fez dia 06 de janeiro de 2011 (dia de Reis), 02 anos de idade.

Kafka, Primo Levi, Zigmunt Bauman e Hitler

1) “Na sociedade individualizada, porém, as queixas e as explicações para a dor perdem o foco no grupo e se deslocam para o indivíduo. Mas, em vez de apontar para a injustiça e o malfuncionamento do todo social, e de buscar um remédio na reforma da sociedade, os sofrimentos individuais tendem a ser percebidos como ofensa pessoal, uma agressão à dignidade pessoal e à autoestima. Sendo assim, eles demandariam uma resposta e uma vingança pessoais.” (BAUMAN,Capitalismo Parasitário, 2010, p.79)

Em que, ou como, as obras de Primo Levi e de Kafka confirmam (ou des-mentem) o texto acima?

Segundo Bauman, “Uma pessoa se sente humilhada quando recebe a mensagem, por palavras ou ações, de que não pode ser quem pensa que é. Essa humilhação gera preconceito e ressentimento.” (p.78) Em Primo Levi, lê-se que “nós (judeus) éramos a-penas exemplares comuns da espécie humana.” (p.15) Já para Kafka, “você me recrimina por isso (frieza, estranheza, ingratidão) como se fosse culpa minha, como se por acaso eu tivesse podido, com uma virada do volante, conduzir tudo para outra direção, ao passo que você não tem a mínima culpa, a não ser talvez o fato de ter sido bom demais para mim.” (2º parágrafo)

Tendo em vista estes trechos e o enunciado da questão, será feita uma análise das perspectivas do sujeito e de suas ações/reações diante das realidades vividas, em diferentes momentos do século XX e XXI (anos 1910, 1940 e 2000).

Deste modo, acredita-se que Kafka está mais próximo da afirmação do enuncia-do, em virtude de vermos em “Carta ao pai” um entendimento de fracasso da vida de um filho, de um homem, ao passo que é no pai que de certa forma é descarregada toda a frustração por não ter se conseguido alcançar uma realização individual, que deveria ser proveniente do trabalho, esforço e personalidade (frustrações em casamentos, no empre-go e no reconhecimento literário). A mãe como entreposto benevolente e ambíguo entre ambas as partes, não atenua a experiência de não-alcance dos objetivos vividos pelo au-tor da carta, e faz dele alguém que na implosão do ego, gera um ressentimento muito violente e perigoso.

Em “A metamorfose”, vê-se também essa visão que Kafka tem de seu ego: alguém pequeno, quase que invisível, que apenas causa transtornos ao seio familiar, e diante de toda a sua obra, percebe-se uma rejeição do mundo a sua volta para com sua vida, que de modo algum se adequa aos padrões exigidos e, portanto, aos padrões que ele, mais ou menos, considera para si. Igualmente, em “A metamorfose”, ao final, há a também transformação da irmã do personagem principal, só que desta vez bem mais desejada que a dele: “O reconhecimento desta transformação tranquilizou-os e, quase inconscientemente, trocaram olhares de aprovação total, concluindo que se aproximava a altura de lhe arranjar um bom marido.”

Portanto, foi com uma “atitude pessoal” (a rejeição do pai/família, dos casamentos e emprego), que gerou uma resposta igualmente pessoal: a crença de que é no fracasso e intenção do indivíduo que tem-se as causas para o insucesso dentro da sociedade. Mais que isso, percebe-se que é como se a “vingança” do personagem tivesse recaído sobre um homem, que teria sido o catalisador dos demais fracassos.

Já em “É isto um homem?”, de Primo Levi, há uma incompreensão da razão para se estar em um campo de concentração, mas a noção de que o indivíduo judeu está incluído num bloco, nem tão homogêneo assim (homem para o trabalho/homens doen-tes; mulheres/crianças, tendo aí alguma vantagem, já que mulheres, crianças e doentes têm mais chances de morte), ainda que igualmente desqualificado.

A questão central é entender a razão para o rancor, a vingança em relação aos judeus, e vê-se que, no decorrer da vida em um campo, cria-se dinâmicas de convívio, onde muitas vezes a hipocrisia resignada dos sofredores entre si e para com seus algozes surpreende.

O que pode ser percebido no livro de 1958, mas vivido em 1943-45, que se ade-que de uma melhor maneira ao trecho do enunciado da questão, é a reação para com Pri-mo Levi e para com os judeus. Adolf Hitler simplesmente, em uma atitude política, de-cidiu exterminar (mantendo apenas quem lhe fosse conveniente, mas por quanto tem-po?) quem ele viu como causadores da desgraça alemã – mais que isso, como a desgraça do próprio Adolf.

Na juventude, o todo social o havia rejeitado em suas aspirações, e Hitler, quan-do munido do poder, deu uma resposta a quem acreditou que o havia causado esta dor. E a resposta foi em uma individualização (os judeus) coletiva (a intenção do extermínio da “raça” no mundo).

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Os melhores filmes

"A fita branca", Michael Haneke,2009.



"Um homem sério", Irmãos Coen, 2009.



"Paranoid Park", Gus Van Sant, 2007.



"Elefante", Gus Van Sant,2003.



"Má educação", Pedro Almodóvar, 2004.



"Ensina-me a viver", Hal Ashby, 1971.



"O poderoso chefão", Francis Ford Coppola, 1972.



"(500) dias com ela", Marc Webb, 2009.



"Um corpo que cai", Alfred Hitchcock, 1958.



"Os incompreendidos", François Truffaut, 1959.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Porque eu acho que ainda posso ser feliz?

Não morri, o que creio que já seja algo suficientemente bom para se poder dizer: eu sou uma pessoa feliz.

Acima de tudo, ainda posso ser feliz porque me cansei de ser triste. Tenho que pensar demais para isso, o que já me cansou.

Sorrir deve dar menos trabalho que chorar, enfim.

domingo, 2 de janeiro de 2011

A membrana

Introdução Primeira

Tudo estava a arder. Saiu de sua cama em estado de desespero, procurando sua família, para que juntos pudessem gritar. Já era dificultoso respirar, e a angústia interna de possivelmente morrer sufocado foi triste: morrer de supetão é mais viável; aos poucos é sofrer. (...)


Um dia acaba de ser escrito.