quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Presentear


"(...) É cada vez mais difícil presentear. Onde ainda sobre algum espaço? Ah, que desgraça, não saber o que mais desejar. Tudo foi realizado. O que falta, dizemos, é a carência, como se a quiséssemos transformar em desejo nosso. E continuamos presenteando sem piedade. Ninguém mais sabe o que quando de quem lhe demonstra afeto. Sentia-me saciado e carente quando, indagado, pedi um rato como presente de Natal." A ratazana; Günter Grass.

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Isso faz-me lembrar da vez em que, diante do aniversário de 13 anos, fiz o pedido por três lazanhas Sadia congeladas.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Sarney, Imprensa e Representatividade


Universidade Federal do Rio de Janeiro – Escola de Comunicação
Departamento de Métodos e Áreas Conexas (DMAC)
Disciplina: Comunicação e Realidade Brasileira (ECA 112)
Professores: Fátima Fernandes e Eduardo Refkalefsky
Período: 2009/2

· Matéria publicada no jornal “O Globo”, da família Marinho, no dia 16 de setembro de 2009, quarta-feira, página 9, na seção “O País”, pela jornalista Maria Lima, de Brasília, sob título “Sarney: mídia não representa o povo – Senador diz que parlamentares são criticados porque fazem tudo ‘às claras’”.

A matéria foi feita em consequência de discurso do Presidente do Senado, José Sarney, no Dia Internacional da Democracia – 15 de setembro –, em que afirma que o representante do povo são os parlamentares e não a mídia, chamada por ele de “inimiga das instituições representativas”. Trecho que demonstra de modo mais eficiente o discurso do Presidente do Senado é o seguinte: “A tecnologia levou os instrumentos de comunicação a tal nível que, hoje, a grande discussão que se trava é esta: quem repre-senta o povo? Diz a mídia: somos nós; e dizemos nós, representantes do povo: somos nós. É por essa contradição que existe hoje que, de certo modo, a mídia passou a ser uma inimiga das instituições representativas.” Segundo pode-se extrair do discurso, José Sarney afirma, e não coloca em dúvida, quem representa o povo, ao colocar o “nós” (parlamentares), seguido do aposto “representantes do povo”.

Seguindo adiante, a partir da análise da matéria jornalística, anexada a este pri-meiro relatório parcial, será feito um estudo mediante certas categorias, como tipo de matéria, atributo de forma, análise da estrutura noticiosa, atributos de linguagem e impressões causadas, subdivididas em ‘a’, ‘b’, ‘c’, ‘d’ e ‘e’, respectivamente.

A) A matéria é do tipo notícia, haja visto que houve, basicamente, uma transcrição da fala de Sarney, intercalada apenas com algumas rememorações de fatos recentes, explicitados no lide, que já, por si só, demonstram a opinião do veículo diante do ocorrido. Não houve transcrições de entrevistas e falas de outros parlamentares ou espaço para debate acerca da opinião do Presidente da Casa, sendo isto algo determinan-te para a classificação da matéria de ‘notícia’ e não ‘reportagem’, muito menos ‘artigo’. Segundo Juarez Bahia, em “Jornal, história e técnica – As técnicas do jornalismo”, “Enquanto a notícia nos diz (...) se o acontecimento entrou para a história, a reportagem nos mostra como é que isso se deu. Tomada como método de pesquisa, a notícia se es-gota no anúncio; a reportagem, porém, só se esgota no desdobramento, na pormenorização, no amplo relato dos fatos” (página 49).

Diante da leitura da notícia, houve uma percepção da divisão entre graus opinativos e descritivos, apesar de o primeiro ter se sobressaído ao segundo. O opinativo en-contra espaço sempre que a jornalista Maria Lima coloca em seu texto situações recentes que ficaram na memória do cidadão brasileiro, que deflagravam a falência da política nacional. Tal abordagem desmoraliza, implicitamente, a fala de José Sarney. Exemplificação mais marcante do que dito anteriormente é a ironia, da jornalista, diante da declaração de Sarney, em que afirma que o Legislativo faz tudo às claras: “Sem citar os mais de 500 atos secretos para contratar aliados, aumentar gratificações e outros benefícios, Sarney disse que (...) são alvo de críticas justamente porque agem às claras”. Já o descritivo é percebido quando se expõe diretamente seu discurso.

Sua abordagem foi, de certo modo, analítica, pois contextualizou o discurso, com fatos recentes do Senado e também ao afastamento, no mesmo dia, promovido pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal, do desembargador que censurou “O Estado de S. Paulo” de noticiar denúncia envolvendo Fernando Sarney, filho de José Sarney. Sendo assim, apesar de não possuir entrevistas com pessoas, para o debate e a melhor visão dos dois lados da opinião, não pode-se dizer, de todo, que a abordagem dada por “O Globo” foi simples, pois a matéria é mencionada com chamada em primeira página, no contexto de uma das manchetes do dia: “Juiz é afastado, mas censura a jornal continua: A Justiça do DF afastou o desembargador Dácio Vieira do caso que envolve ‘O Estado de S. Paulo’, mas a censura ao jornal não foi suspensa. No Senado, Sarney afirmou que ‘a mídia passou a ser inimiga das instituições representativas.’” No recheio do periódico, na página 9, além da notícia, há foto de Sarney, durante o discurso, com legenda.

B) A notícia é encontrada na página 9 da seção “O País”, principal do jornal “O Globo”, pois é a primeira do primeiro caderno. Vem, na mesma página, acompanhada de notícias como “Juiz que censurou jornal é afastado; censura continua” e “CNJ afasta juízas na Bahia”, sendo a do Juiz hierarquicamente mais destacada, a de José Sarney em seguida e da CNJ por último, sendo esses acontecimentos ligados no que diz respeito à magistratura e comunicação, encontrando aí justificativa para encontrarem-se em mesma página. Possui, de certa forma, uma chamada na primeira página, apesar de indireta, abaixo da dobra do jornal, como já mencionado no final do item ‘A’. O título da matéria possui duas colunas, contando-se o título em si e seu subtítulo. A matéria encontra-se acima da dobra. Há, também, a utilização de fotografia, acima da matéria, do Presidente do Senado, José Sarney, discursando, assim como uma legenda para a mesma: “SARNEY: ‘Enquanto os poderes Executivo e Judiciário tomam decisões solitá-rias, o Legislativo o faz às claras”. Ao término da matéria, há o endereço da página do jornal na internet, para que os leitores possam escutar, na íntegra, o discurso de Sarney.

C) O título da matéria, “Sarney: mídia não representa o povo”, é verbal, sendo este empregado, geralmente, para causar mais impacto e ideia de ação e imediatismo do caso. Outro recurso utilizado é pôr, seguido de dois pontos, o nome de José Sarney, explicitando, com isso, que quem fez tal afirmação foi ele e não o jornal “O Globo”.

A matéria possui, em seu primeiro parágrafo, um lide tradicional, pois expõe a notícia principal, que é o discurso do Presidente do Senado. No entanto, antes disso, faz toda uma contextualização com fatos anteriormente ocorridos, que já preparam o leitor para certa rejeição ao que José Sarney tem a dizer. Deste modo, não se possui, formal-mente, um lide que uma notícia ‘hard news’ exigiria, tradicionalmente. Em se tratando da pirâmide da notícia, crê-se em uma hierarquia de informações um tanto confusa, em decorrência dos seguintes fatos: há a transcrição de três trechos do discurso de José Sarney, sendo o primeiro referente à mídia e sua representatividade diante da população, o segundo dirigindo-se à transparência do Legislativo, Judiciário e Executivo e o último, transcrito de modo indireto, ressaltando que, para Sarney, é melhor possuir um Parlamento ruim, do que nenhum Parlamento. Não é sabido, por parte do leitor, supostamente, que ele já tenha, de antemão, conhecimento do discurso na íntegra. Sendo assim, não se pode ter a certeza de que as falas dos assuntos mencionados ocorreram do modo como se lê, a primeira antes da segunda e assim sucessivamente, ou se o jornal priorizou uma em relação a outra e em detrimento das demais que porventura ocorreram. Tal hipótese é ressaltada pelo fato de que, no lide, há a menção da questão mídia-povo-parlamentares, além de no título e na chamada da primeira página, também. Concluindo, a hierarquia da notícia foi fundamentada diante da subjetividade jornalística, pois, por exemplo, para um grupo de juízes, o fato mais importante do dia seria a acusação de que eles não fazem tudo “às claras”.

O texto é, por sua vez, completamente contextualizado, contribuindo essa contextualização fortemente para o julgamento da questão. Obviamente, por tais motivos, confirma-se a subjetividade da notícia. Além das contextualizações dentro da matéria, há a contextualização da página em si, onde encontra-se notícias afins aos temas tratados pela jornalista.

Segundo o senso atual, a política brasileira é falida, e o jornal “O Globo” não fugiu muito do que já vinha reproduzindo em suas matérias diárias. Há uma deflagração da hipocrisia por parte de José Sarney, bem explicitada e já reafirmada pelo pensamento da população, que vê no político brasileiro um todo hipócrita e sem moral. Por sua vez, se a visão da imprensa foi moldada a partir do pensamento do povo de que o político é hipócrita e amoral ou se foi a imprensa foi quem gerou este tipo de pensamento na população, é outra questão a ser debatida.

As declarações contidas na notícia são diretas e indiretas, havendo dois trechos do discurso lidos de modo direto pelo leitor e outro lido de modo indireto. As únicas citações são estritamente transcrições da fala de José Sarney, não havendo nenhuma mais, como, por exemplo, uma declaração de um especialista, para criar um argumento de autoridade ao texto, agregando valor à notícia. O único “contraste” às declarações do político são as notícias sabidas e veiculadas através do próprio jornal, que, por si só, já é uma autoridade perante o leitor.

D) Substantivos (1)

(1.a) Positivos -> não há, na matéria, substantivos de caráter positivo;
(1.b) Negativos -> “corrupção”, “denúncias”, “críticas”, “contradição”;
(1.c) Neutros -> “mídia” (cinco vezes), “povo” (quatro vezes), “representantes” e afins (três vezes), “Parlamento”;

Adjetivo (2)

(2.a) Positivos -> não há, na matéria, adjetivos de caráter positivo;
(2.b) Negativos -> “má”, “inimiga”, “secretos”, “solitárias”, “pior”;
(2.c) Neutros -> “solene”, “grande”, “antiga”.

Verbos (3)

(3.a) Positivos -> “atualizar”;
(3.b) Negativos -> “criticar”, “reabilitado”, “censurou”, “afastou”;
(3.c) Neutros -> “representa”, “discursaram”, “agem”.

E) Finalizando o trabalho, nota-se que a intenção da matéria é deflagrar as con-tradições existentes no discurso do Presidente do Senado, José Sarney, haja visto que ele afirma que, no Legislativo tudo é feito às claras, sendo que mais de 500 atos secretos foram praticados; mas principalmente, é demonstrar a afirmação de que são os parla-mentares que representam o povo, e não a mídia, sendo o fato exposto de modo que o leitor o veja de maneira crítica e negativa. A credibilidade da matéria é grande, justa-mente por causa dos bons exemplos dados, que contradiziam e desmoralizavam Sarney.

A neutralidade da matéria e sua consequente imparcialidade são nulas. É explícita a crítica ao parlamentar, não foram ouvidos os dois lados da história e é vista uma defesa metalinguística da mídia através da própria mídia. No entanto, o texto anda em harmonia em relação ao pensamento dos leitores.

Diante da aula ministrada no dia 17 de setembro, a conexão que pode-se fazer com os conhecimentos adquiridos de Constituição-Política-Comunicação são as seguintes: o discurso foi em 15 de setembro, Dia Internacional da Democracia, que, segundo o que se conclui da Constituição Brasileira, é um direito de todo cidadão e um modo de governo, além de estar refletida em todos os aspectos da mesma. Outra questão que remete à aula é a representatividade do povo, que esbarra no que é legal (governo) e no que, hoje em dia, é mais moralmente viável (mídia). Por fim, a imprensa e a Comunicação, como um todo, foram debatidas, como estudado.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Os populares estão em crise

414 amigos no Orkut, 62 seguidores no Twitter, 52 amigos no Facebook, 21 amigos no MySpace e 9 seguidores no Blog.

Será que a vida, realmente, é tão popular assim?

http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=15498081