terça-feira, 8 de julho de 2008

A dúvida dolorosa

Quando as pessoas entram de férias, elas podem passar por certos problemas existenciais. Bem, não tenho certeza absoluta, nem pesquisas concretas para embasar minhas especulações, mas eu, sim, possuo crises existenciais nesse período considerado sabático. E o pior é que férias de estudante demora muito mais que as de trabalhador. Mas o pior mesmo é que trabalhador pode se esforçar um caralhão de vezes menos que nós e ainda por cima são remunerados. Nós nos ferramos de ler, estudar e tal; não ganhamos para isso - quem estuda em faculdade ou colégio particular gasta dinheiro e não recebe nada; já quem está em uma universidade ou escola pública não precisa pagar, mas também não ganha um tostão com a labuta.
Nas férias, antes do colégio, não entrava muito em paranóia. Isso porque não tinha muito para onde fugir: se eu passasse de ano direitinho, ia para o ano seguinte e pronto. Agora, na universidade, as coisas são um pouco diferentes. Eu escolhi estudar o que estou estudando. Ou seja, não tenho mais matemática, física e química para me estressar e irritar. Apesar de tudo, isso não significa que eu não me mate de estudar em Comunicação Social, ao contrário do que muita gente acredita. Tem sempre aquela disciplina que nos pega de jeito. A minha no primeiro período foi História do pensamento. Bem, isso é só um nome mais bonitinho para a simples Filosofia. Não é que meu professor fosse ruim, o caso é que na primeira prova eu tirei 8.0 e me senti a pessoa mais inteligente da face da Terra; depois, tirei 4.0 na segunda e me vi uma merda e quis colocar a culpa na falta de tempo do término do período letivo e na história de não precisar me preocupar pois já precisava tirar pouco para passar. Agora, me consolo jurando para mim, de pés juntos, que um jornalista não necessita de Platão, Aristóteles, Galileu Galilei e Kant para se tornar um bom profissional de geral, internacional, política, econonima, literatura e coisas afins.
Já fugi muito da questão principal e me sinto na obrigação de relatar para meus queridos leitores (creio que apenas 2, diferentemente dos 17 do Artur Xexéo). Eu tirei uma nota que, para mim, é medíocre na matéria que eu mais gostava. Fiquei com 6.5 na segunda prova de Introdução ao jornalismo. No fim, acabei com a média 6.8 na matéria. O pior é que no segundo semestre eu vou começar Letras Português Literaturas na Uerj e não sei se vou conseguir aguentar a barra das dois cursos simultânes e pior, não sei vou ser um bom jornalista. Isso tem um nome: paranóia da minha cabeça, eu sei. Mas, o que podemos fazer, né... Não podemos fugir dos nossos medos dessa maneira, temos que encará-los com força e coragem.
Eu quero mesmo é unir o útil ao agradável: me formar jornalista e saber de literatura. Poderia, assim, já com 22 ou 24 anos, ser um jornalista "especializado" em literatura brasileira e portuguesa. Porque o maior problema de um jornalista, para mim, é saber de tudo um pouco, mas no fim das contas não saber de nada.
Ai, vida cruel. Afasta de mim esse cálice de vinho tinto de sangue.
Nessas férias, ficar lendo "Pantaleón e as visitadoras", de Mário Vargas Llosa, quatro "piauís", comprar "Crime e castigo", de Fiódor Dostoiévski, "A morte de Ivan Ilitch", de Leon Tolstói e "Dom Casmurro", de Machado de Assis, até que está acalentando o meu desespero. Mas não sei se essas estratagemas conseguirão sufocar minhas angústias.
Acho que tenho mesmo é que escrever um livro.
Ir na Flip (Feira Literária de Paraty) e, principalmente, passar ao lado da Sala de imprensa do local, já fizeram essas férias valerem a pena, a caneta, o lápis... a vida.

Um comentário:

@Bubucouto disse...

Queria ter um tb mas qual é a graça se as pessoas não comentarem vc não sabe se leu =x ... (li algumas coisas)