sábado, 9 de janeiro de 2010

O Posto 9, melhor do Rio


Hoje, acordei com vontade de escrever e reavivar este espaço literário há tanto tempo entre a vida e a morte iminentes. Sendo assim, acho que recomeçarei a empreitada contando como foi a minha ida à praia, ontem.

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Consolidou-se, definitivamente, o fato de que o Posto 9, na praia de Ipanema, próximo à esquina da Avenida Vieira Souto com a Rua Joana Angélica, é o pedaço de areia mais disputado e badalado de todas as praias da cidade do Rio de Janeiro. Há anos que sou frequentador assíduo dessa praia, e ontem, como o verão pede, fui até ela, juntamente com três amigos da Escola de Comunicação.

Mais especificamente, vou à Ipanema desde 08 de janeiro de 2005, quando, saído da casa de minha avó, fui até lá, decidido a pegar um bronze, me divertir e pensar na vida, com aqueles quase poucos 15 anos de idade. Antes, ia ao Arpoador, com meu avô e sua esposa, sendo que antes disso, com meus pais e outras pessoas da família, frequentava mais a Barra da Tijuca. Mas chega a razão à vida de uma pessoa e ela passa a ir onde é o point, Ipanema.

Ficava mais próximo ao Posto 8, mas agora estou ficando para o 9. Ontem, dia 08 de janeiro de 2010, exatos 05 anos de minha vitoriosa ida à felicidade, fui à praia sem saber que ela seria tão badalada assim. Vamos aos fatos:

1) Um repórter do jornal "Extra", com fotógrafo, estava bem em frente a nós entrevistando vendedores ambulantes de mate, vestidos com a roupa tradicional do Mate Leão. Não sabíamos que ontem foi o dia da liberação do mesmo, em galão, pela prefeitura, que o choque de ordem havia proibido, mas que por força maior da cultura e memória da população, voltou atrás. O esforçado repórter, sofrendo com tênis, calça jeans e camisa fechada, fazendo companhia a um fotógrafo gordinho com toalhinha cobrindo a careca do calor, pedia aos vendedores que brindassem com um copo da bebida e fazia perguntas aos banhistas. Movimentação geral para sabermos se seríamos entrevistados, se uma foto por acaso nossa poderia ser tirada, mas como somos meros anônimos, nada de entrevistar-nos, nem fotografar-nos.

Foi então que, hoje pela manhã, folheio o primeiro caderno do jornal "O Globo", pai rico do "Extra" e vejo, logo abaixo da previsão da meteorologia, reportagem do querido coleguinha que vimos a nossa frente: "Liberada a venda de mate de galão nas praias - Paes toma decisão por considerar que bebida é uma tradição nas areias; produto será examinado pela Vigilância Sanitária", por Antero Gomes, do "Extra", com foto de Guilherme Pinto, o homem da toalhinha rosa na cabeça.

2) O "Fashion Rio" está aí, ontem também foi seu primeiro dia, e a modelo e apresentadora do canal de televisão por assinatura GNT, Mariana Weickert, foi também ao Posto 9 entrevistar pessoas comuns sobre o modo de usar e escolher seus biquinis. Só que como em TV tudo é moldado e figurado, muito pela imagem do produtor, muito antes da modelo branquela gaúcha, de vestidinho rosa tomara que caia e óculos escuros Ray Ban chegar, já estavam torrando no sol técnicos da Globosat e uma moça, que deveria mesmo ser a pobre coitada da produtora. Muito depois, quando a modelo chegou, mais gente ainda com ela chegou também. Com a mesma expectativa em relação a nossa imagem que foi evidente com o jornal "Extra", esperávamos que a moça nos estrevistasse, coisa que não aconteceu, muito porque éramos todos homens, e ela queria saber mais é de mulher.

Mas preciso dizer: ela é alta demais, tem nariz grande demais, seu sotaque gaúcho ainda é evidente demais e eu já a tinha visto antes, quando ainda estudava na PUC, na entrada da faculdade, à noite, fazendo entrevistas para o "GNT Fashion", bem ao lado da fumaça do churrasquinho.

Não quis me entrevistar, é nisso que dá. Falo mesmo, porque homem branco, que nem eu, não tem papas na língua.

P.S.: Guilherme Zaiden, in memorian.

3) Um bando de malandrinhos estavam se divertindo em seus possantes jet skis, muito próximos da faixa de areia. Um abursdo, perigo aos banhistas, ultraje aos pobres coitados dos simples jogadores de frecobol que estavam lá atrás, na areia quente, e triste a barraquinha do choque de ordem, bem em frente ao Posto 9, não fazer nada. Já estávamos de saída quando isso aconteceu, tomando banho do chuveirinho, e percebemos que alguns banhistas estavam aplaudindo essas pessoas. Espero que estivessem, sinceramente, aplaudindo ironicamente esses caras.

4) Por último, quase ia me esquecendo: três gringras, ao nosso lado direito, estavam praticando top less! Duas até que tinham petchólas de respeito, mas a terceira, mais morena, meu Deus, fazia o estilo Fernanda Torres de viver. Elas realmente não tinham vergonha do que estavam fazendo, achavam que estavam em Ibiza ou Saint Tropez, mas o bom é que ninguém criticou, não a acusaram de atentado ao puder e, convenhamos, tem umas que usam um biquini que é praticamente uma nudez explícita.

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Finalizando o post, não vi e nem senti o cheiro de nenhum maconheiro nem de maconha, respectivamente. Não é que o Posto 9 esteja perdendo sua fama, fonte de renda, e graça, mas é que o pessoal deve estar com vergonha e esperando essa onde de civilidade do Eduardo Paes passar.

P.S.2: Post em memória de Fernanda Amorim, que leva a felicidade para o Arpoador.

Um comentário:

Anônimo disse...
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