quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Paranoid City

Espero não ser o único no mundo a não saber muito bem como se começar a escrever.

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Não sou muito chegado nos filmes mais caros de Hollywood; não sou muito chegado nas músicas mais tocadas nas rádios cariocas; não sou muito chegado nos livros do Paulo Coelho; não sou muito chegado no computador mais moderno e nem tenho mp3; não tenho fotolog e não sei usar o photoshop.

E isso me faz tão bem, meu bem!

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Fui sábado ao Shopping da Gávea assistir ao novo filme de Gus Van Sant. ''Paranoid Park'' conseguiu, em pouco tempo, me fazer crer na inocência de um criminoso. Me fez enxergar que escrever é a melhor forma de expurgar meus maiores males. Percebi que as pessoas erram na tentativa do acerto.
E estava sozinho. Tenho certeza de que o fato de eu estar sozinho, no meu canto, no cinema, me fez conseguir absorver tudo do que o filme tinha para me dar. Longe de mim dizer que ir ao cinema, ao teatro, a museus (como se eu fosse freqüentador assíduo de museus), ou a qualquer lugar com amigos seja programa furado. Mas é que eu consigo, só, perceber o imperceptível quando se está com alguém ou alguns.
Apesar de que mesmo eu estando com uma multidão me seguindo, notaria a péssima roupa de
Heloisa Perissé - uma blusa rosa chocante meio grandinha com um casaco branquelo amarrado praticamente nos peitos - e a moça estranha que acompanhava Beth Gofman e uns outros.

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Peguei o 410 para voltar para casa. Sabia que seria um pequeno inferno regressar. No carnaval tudo fica um pouco mais complicado. Aliás, tudo não!, mas isso fica pra depois. O ônibus simplesmente parou na Lapa. Parou e demorou uma hora para sair. Quando saiu, o motorista se perdeu. E perdido ficou, pois eu saltei e peguei um táxi até em casa. Tinha plena noção de que o dinheiro que tinha não daria para pagar a viagem até o Grajaú, mas qualquer coisa era melhor do que ficar desorientado em pleno Rio de Janeiro de madrugada, com a companhia de um bêbado ao meu lado e de um motorista mal-educado.
A Boulevard 28 de Setembro estava interdidata em sua metade por causa de uma aglomeração em virtude do carnaval (olha ele aí de novo). Saltei ali mesmo e fui andando até em casa. Andei. Passei por duas grandes ruas. E cheguei em casa. Um pouco mais morto que antes mas um pouco mais vivo.
Afinal, Gus Van Sant sempre vale o sacrifício. Xuxu.

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Música de hoje: ''I don't know why I love you'' - Jackson Five

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