segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Oprah Winfrey e as massas

O “The Oprah Winfrey Show” já chamou-se “AM Chicago”. Lançado em 1983, localmente, obteve tanto sucesso, que conseguiu, em setembro de 1986, cobertura nacional. Com um histórico de vida humilde, Oprah conseguiu crescer e se tornar a mulher negra mais rica do século XX, segundo a revista “Forbes”. Até 2005, pelo menos, era a terceira celebridade mais rica do mundo, perdendo apenas para Mel Gibson e Tiger Woods. Hoje, o programa de auditório de Oprah é o mais visto dos EUA, com grande repercussão mundial, chegando aos lares em mais de 100 países, cinco dias por semana.

Aqui no Brasil, desde 2005, no canal por assinatura das Organizações Globo GNT, Oprah (que deveria chamar-se Orpah, em relação a um nome bíblico) debate seus temas em horário nobre, às 20h00min. Com sua naturalidade habitual, já deu, em 2004, para todo seu auditório, através de acordo publicitário, 276 carros Pantiac G6. Outro fato que marcou a carreira da apresentadora, atriz e também psicóloga, no “The Oprah Winfrey Show”, foi a entrevista rara conseguida com o cantor Michael Jackson, em 1993, tornando-se este o quarto evento mais assistido da televisão norte-americana, com uma plateia recorde de 100 milhões de pessoas.

Agora, apesar de todas as coisas boas, seu programa é realmente merecedor de elogios críticos? Sim e não. Ela é, sem sombra de dúvidas, a melhor apresentadora que há em exercício, na atualidade. Mas seu diário matinal (nos EUA, é exibido às 8h00min), por vezes, soa como uma Márcia Goldschmidt desenvolvida.

Ela consegue, de fato, colocar o telespectador diante da TV e fazer com que ele preste atenção nela. Grandes coberturas, dignas dos principais telejornais noticiosos, já foram feitas e ancoradas por Winfrey. Quando do furacão Katrina, por exemplo. Conseguindo angariar uma multidão em suas causas, obteve apoio popular, construiu casas para desabrigados, aumentou o número de doações para os necessitados e mostrou de perto o que muitos ainda não conseguiam ver: a miséria do sul negro dos Estados Unidos.

Apesar de tudo, quando as questões giram em torno da auto-ajuda excessiva, o piegas caminha muito ao seu lado. Fazendo programas totalmente dedicados a falar de uma peça de roupas, ou sobre o melhor sutiã para você, mulher, usar, realmente não nos fazem compreender a razão para tanto sucesso e prestígio. Resolver falar de comida, então, pior ainda. Oprah tem problemas com a balança, e soa egocêntrico por demais quando ela decide, com alguma frequência, falar dos melhores hábitos de alimentação.

Em suma, o mais chocante é quando dá a impressão de que ela impinge éticas morais e cívicas a alguns convidados de seu show, mostrando-nos, simples brasileiros, o quanto a sociedade americana ainda é muito conservadora e chata, principalmente no que diz respeito ao sexo.

Mas mesmo assim, o “The Oprah Winfrey Show” possui mais qualidades do que deméritos. Apenas o fato de o programa (leia-se, única e exclusivamente, Oprah) fazer conseguir chorar, sem parecer forçado, já o faz ganhar muitos Emmys na cotação de cada cidadão que a assiste. Ele não induz ao choro, apenas mostro temas, fatos e questões que importam à sociedade e a fazem repensar e tentar melhorar, em algum aspecto.

Conseguindo exclusivas com mais celebridades do que qualquer Amaury Jr. um dia pensará em conseguir, Oprah Gail Winfrey é hoje a mulher que pode dizer que levou Barack Obama para a presidência da República. Seus livros lidos e comentados se tornam, rapidamente, em best-sellers no “The New York Times”; seu presidente escolhido se torna, rapidamente, empossado na Casa Branca; sua plateia é a mais eufórica, que bota qualquer Silvio Santos com muita inveja e, com isso, ela só vai ficando mais rica e mais prestigiada e respeitada, em todo o mundo. Não à toa, Oprah deve conseguir, para si, o canal Discovery Home and Helth, o dedicando apenas para si mesma. Possui, também, duas revistas: “The O Megazine”, “O at home”; um estúdio: “Harpo”; um canal de rádio: “Oprah and friends” e já concorreu a um Oscar de melhor atriz. E você, tem, para si, por acaso, um programa, uma produtora, duas revistas, um canal de rádio e uma fortuna avaliada em mais de US$ 2,7 bilhões?

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