sábado, 7 de julho de 2012

O pior livro de Virginia Woolf ainda assim é um bom livro

"Via a água barrenta e a praia deserta. Mas a vida é vigorosa; o corpo vive e era o corpo, sem dúvida, que ditava a reflexão que o fez mover-se. A gente pode, afinal, deitar fora as formas dos seres humanos e reter, no entanto, a paixão - que antes parecera inseparável do seu invólucro carnal. Agora essa paixão queimava no horizonte, como um sol de inverno a abrir no poente uma janela verde através de nuvens que se adelgaçam. Seus olhos estavam postos em alguma coisa infinitamente longínqua, remota. Com essa luz achava que seria possível caminhar; e com ela haveria de encontrar, no futuro, o seu caminho. Era tudo o que lhe restara de um mundo populoso e fervilhante." (Noite e dia - Virginia Woolf - página 199 - capítulo 12)

Nenhum comentário: