sábado, 23 de junho de 2012

Floresta brasileira produz o tratamento para doenças que até hoje não tinham solução, mas falta de investimentos é problema para as pesquisas - Empresa que explora a biodiversidade nacional já descobriu cerca de 3 mil espécies desconhecidas, porém deve fechar suas portas

As plantas podem curar doença de Chagas, diabetes tipo II, tuberculose, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e a tão temida infecção hospitalar. Estas descobertas foram feitas por pesquisadores da empresa brasileira Extracta, que visa trabalhar a biodiversidade brasileira para a criação de, principalmente, novos fármacos.

De toda a flora analisada desde 1998, ano da criação da empresa na Ilha do Fundão (Rio de Janeiro), mais de cinco mil plantas foram analisadas e impressionantes 63% delas eram de espécies desconhecidas. Por que, então, o maior acervo nacional de extratos e compostos obtidos de nossas florestas está perigando de fechar suas portas em 2012? Por que, mesmo podendo curar tantas enfermidades, ainda não há de fato um remédio para elas?

– Estamos na maior dificuldade, porque não temos contrato com nenhuma empresa atualmente – afirma Antônio Paes de Carvalho, diretor presidente da empresa, especialista em coração e professor emérito da UFRJ. A Extracta cresceu, principalmente, afirma Carvalho, por causa de contrato de US$ 3 milhões com a empresa farmacêutica Glaxo.

O contrato é dos anos 1990 e por isso não foi prejudicado pela Medida Provisória (MP) 2186, de 2000. Esta determinação, diz Carvalho, fixa limites e dificulta a exploração das florestas, impedindo que se chegue perto da mata, prejudicando o acesso à pesquisa.

– A grande indústria internacional se afastou, mas não tem problema, porque posso trabalhar com a indústria brasileira. Mas nenhuma quis, ou tinha dinheiro, para investir na Extracta – considera Carvalho, refletindo sobre a realidade dos investimentos no país.

Já este ano, a Extracta deve ser desativada como empresa, mas o intuito é de aproveitar tudo o que já foi feito durante 13 anos e transmitir como conhecimento para a universidade. Eles querem “acabar com a empresa como negócio”, lamenta Carvalho, em face da exaustão dos recursos e de não haver nenhum sinal do governo de querer investir de verdade no tema.

Tema complexo em debates, a questão do meio ambiente e do desenvolvimento sustentável é questão delicada para muitos especialistas do tema. Sem papas na língua, Carvalho pondera sobre os efeitos do aquecimento global e do medo de se produzir conhecimento por meio da floresta.

– Eu acho que há várias coisas que não são exatamente como se diz. Com o aquecimento global não há nenhuma conclusão sólida sobre ele. Se você ver a temperatura do mundo, existem grandes oscilações há anos e períodos cíclicos – acredita o pesquisador. –Com um acréscimo de 0.2 graus, não há consistência científica para se constatar uma grande mudança no clima – conclui.

 O real fator poluidor, garante Carvalho, que desde 1964 é professor universitário e um dos maiores especialistas do mundo em coração, não são as fábricas e sim a pobreza. A poluição gerada pela falta de saneamento básico e mínimas condições de sobrevivência são muito mais agravantes para o meio ambiente. 

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