quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Pedro Lispector salvou-se da sífilis? ou Meu Deus


Fiquei com uma dúvida, lendo "Clarice,", de Benjamin Moser.

Entendi que Clarice Lispector, ou Chaya Lispector, nasceu em 1920 em razão de acreditarem, na Ucrânia, que nascimentos salvariam a mãe sifilítica de sua chaga, fora que Mania (mãe de Clarice) muito provavelmente engravidou no vácuo entre a primeira e segunda fase da doença, quando ignorantemente pensa-se que ela já não existe mais.

Até aí tudo bem, mas penso aqui com meus botões: Como é que o pai de Clarice não pegou a sífilis de sua esposa (contraída, por sua vez, acredita-se, dos soldados que invadiram a cidade em que viviam durante os conturbados anos pós-Primeira Guerra Mundial e pós-Revolução Russa)? O autor cita que milagrosamente Clarice nasceu sadia, mas quanto ao pai, não diz nada.

Ele, por sua vez, no Brasil chamado de Pedro Lispector e na Ucrânia de Pinkhas Lispector, morreu em 1940, após uma simples cirurgia. As filhas creem que ele morreu assassinado, porque se tratava de uma intervenção pouco complexa, fora que os médicos evadiram-se de explicações após a fatídica morte. Lembremos sempre que 1940 estava no meio da Segunda Guerra Mundial e que no Brasil existia forte repulsa aos judeus.
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"'Desde então, porém, eu havia mudado tanto', ponderou, 'quem sabe agora já estava pronta para o verdadeiro 'era uma vez'. Perguntei-me em seguida: e por que não começo? agora mesmo? Será simples, senti eu. E comecei. No entanto, ao ter escrito a primeira frase, vi imediatamente que ainda me era impossível. Eu havia escrito: 'Era uma vez um pássaro, meu Deus.'" (Clarice, p.128, id Ainda impossível, in A descoberta do mundo, p.437)
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Como sempre, Francisco Bosco escreveu um lindíssimo ensaio: "O Globo", 04 de agosto de 2010, "Segundo Caderno", página 2.

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