As plantas podem curar
doença de Chagas, diabetes tipo II, tuberculose, doença pulmonar obstrutiva
crônica (DPOC) e a tão temida infecção hospitalar. Estas descobertas foram
feitas por pesquisadores da empresa brasileira Extracta, que visa trabalhar a
biodiversidade brasileira para a criação de, principalmente, novos fármacos.
De toda a flora analisada
desde 1998, ano da criação da empresa na Ilha do Fundão (Rio de Janeiro), mais
de cinco mil plantas foram analisadas e impressionantes 63% delas eram de
espécies desconhecidas. Por que, então, o maior acervo nacional de extratos e
compostos obtidos de nossas florestas está perigando de fechar suas portas em
2012? Por que, mesmo podendo curar tantas enfermidades, ainda não há de fato um
remédio para elas?
– Estamos na maior
dificuldade, porque não temos contrato com nenhuma empresa atualmente – afirma
Antônio Paes de Carvalho, diretor presidente da empresa, especialista em
coração e professor emérito da UFRJ. A Extracta cresceu, principalmente, afirma
Carvalho, por causa de contrato de US$ 3 milhões com a empresa farmacêutica
Glaxo.
O contrato é dos anos 1990
e por isso não foi prejudicado pela Medida Provisória (MP) 2186, de 2000. Esta
determinação, diz Carvalho, fixa limites e dificulta a exploração das
florestas, impedindo que se chegue perto da mata, prejudicando o acesso à
pesquisa.
– A grande indústria
internacional se afastou, mas não tem problema, porque posso trabalhar com a
indústria brasileira. Mas nenhuma quis, ou tinha dinheiro, para investir na
Extracta – considera Carvalho, refletindo sobre a realidade dos investimentos
no país.
Já este ano, a Extracta
deve ser desativada como empresa, mas o intuito é de aproveitar tudo o que já
foi feito durante 13 anos e transmitir como conhecimento para a universidade.
Eles querem “acabar com a empresa como negócio”, lamenta Carvalho, em face da
exaustão dos recursos e de não haver nenhum sinal do governo de querer investir
de verdade no tema.
Tema complexo em debates,
a questão do meio ambiente e do desenvolvimento sustentável é questão delicada
para muitos especialistas do tema. Sem papas na língua, Carvalho pondera sobre
os efeitos do aquecimento global e do medo de se produzir conhecimento por meio
da floresta.
– Eu acho que há várias
coisas que não são exatamente como se diz. Com o aquecimento global não há
nenhuma conclusão sólida sobre ele. Se você ver a temperatura do mundo, existem
grandes oscilações há anos e períodos cíclicos – acredita o pesquisador. –Com
um acréscimo de 0.2 graus, não há consistência científica para se constatar uma
grande mudança no clima – conclui.
O real fator poluidor, garante Carvalho, que
desde 1964 é professor universitário e um dos maiores especialistas do mundo em
coração, não são as fábricas e sim a pobreza. A poluição gerada pela falta de
saneamento básico e mínimas condições de sobrevivência são muito mais
agravantes para o meio ambiente.
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