segunda-feira, 25 de junho de 2012
sábado, 23 de junho de 2012
Floresta brasileira produz o tratamento para doenças que até hoje não tinham solução, mas falta de investimentos é problema para as pesquisas - Empresa que explora a biodiversidade nacional já descobriu cerca de 3 mil espécies desconhecidas, porém deve fechar suas portas
As plantas podem curar
doença de Chagas, diabetes tipo II, tuberculose, doença pulmonar obstrutiva
crônica (DPOC) e a tão temida infecção hospitalar. Estas descobertas foram
feitas por pesquisadores da empresa brasileira Extracta, que visa trabalhar a
biodiversidade brasileira para a criação de, principalmente, novos fármacos.
De toda a flora analisada
desde 1998, ano da criação da empresa na Ilha do Fundão (Rio de Janeiro), mais
de cinco mil plantas foram analisadas e impressionantes 63% delas eram de
espécies desconhecidas. Por que, então, o maior acervo nacional de extratos e
compostos obtidos de nossas florestas está perigando de fechar suas portas em
2012? Por que, mesmo podendo curar tantas enfermidades, ainda não há de fato um
remédio para elas?
– Estamos na maior
dificuldade, porque não temos contrato com nenhuma empresa atualmente – afirma
Antônio Paes de Carvalho, diretor presidente da empresa, especialista em
coração e professor emérito da UFRJ. A Extracta cresceu, principalmente, afirma
Carvalho, por causa de contrato de US$ 3 milhões com a empresa farmacêutica
Glaxo.
O contrato é dos anos 1990
e por isso não foi prejudicado pela Medida Provisória (MP) 2186, de 2000. Esta
determinação, diz Carvalho, fixa limites e dificulta a exploração das
florestas, impedindo que se chegue perto da mata, prejudicando o acesso à
pesquisa.
– A grande indústria
internacional se afastou, mas não tem problema, porque posso trabalhar com a
indústria brasileira. Mas nenhuma quis, ou tinha dinheiro, para investir na
Extracta – considera Carvalho, refletindo sobre a realidade dos investimentos
no país.
Já este ano, a Extracta
deve ser desativada como empresa, mas o intuito é de aproveitar tudo o que já
foi feito durante 13 anos e transmitir como conhecimento para a universidade.
Eles querem “acabar com a empresa como negócio”, lamenta Carvalho, em face da
exaustão dos recursos e de não haver nenhum sinal do governo de querer investir
de verdade no tema.
Tema complexo em debates,
a questão do meio ambiente e do desenvolvimento sustentável é questão delicada
para muitos especialistas do tema. Sem papas na língua, Carvalho pondera sobre
os efeitos do aquecimento global e do medo de se produzir conhecimento por meio
da floresta.
– Eu acho que há várias
coisas que não são exatamente como se diz. Com o aquecimento global não há
nenhuma conclusão sólida sobre ele. Se você ver a temperatura do mundo, existem
grandes oscilações há anos e períodos cíclicos – acredita o pesquisador. –Com
um acréscimo de 0.2 graus, não há consistência científica para se constatar uma
grande mudança no clima – conclui.
O real fator poluidor, garante Carvalho, que
desde 1964 é professor universitário e um dos maiores especialistas do mundo em
coração, não são as fábricas e sim a pobreza. A poluição gerada pela falta de
saneamento básico e mínimas condições de sobrevivência são muito mais
agravantes para o meio ambiente.
quinta-feira, 21 de junho de 2012
A fina Josefina
Houve uma estória que,
de tão verdadeira, parecia inventada. Era uma vez Josefina, nascida no Morro do
Encontro. Sua mãe, Arlete, morreu quando ela tinha seis anos, de Síndrome da
Imunodeficiência Adquirida. No Grajaú, bairro que ligava o Morro do Encontro ao
bairro de Jacarepaguá, criou-se meio que sozinha Josefina, ainda que com sua
casa fixa na favela. A pracinha, no centro, rodeada do mercado, da escola, do
restaurante e da igreja de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, foi seu ínterim entre
o fim de sua mamãe de verdade e o começo de suas duas novas mamães.
Linguona e Perseguidinha eram mulheres que viviam em matrimônio estável e amável no barraco construído com muito sacrifício no Morro da Divineia, entre os bairros do Grajaú e Andaraí. Acharam a pequena na Praça Edmundo Rego (pracinha) brincando com os pombos, abandonada e desencontrada. Levaram-na, deram banho, alimentaram bem, a matricularam na Escola Municipal Lourenço Filho e tentaram dar umas cafungadas na moça, já com onze anos, pois não eram suas parentas no fim das contas e isso Deus perdoa. Conseguiam alguma coisa, durante o sono de Josefina.
A trajetória de Linguona e Perseguidinha teve uma separação, apesar de tudo. Linguona vinda do Morro de São João e Perseguidinha dos Macacos, eram como Romeu e Julieta: suas comunidades não eram muito amigáveis uma com a outra. Como fofoca é algo que pega mais que sanguessuga, Linguona ouviu um caso de que Perseguidinha estava de romance com uma moça rica de Ipanema, toda da dondoca e da caminhoneira. Sangue a fervilhar pelas ventas, Linguona mandou que os donos do São João matassem Perseguidinha. Um dia, saindo do 435 (Gávea – Grajaú), vinda do serviço, Bandidão Primeiro e Bandidão Segundo sorrateiros que nem sombra foram atrás da coitadinha. Antes de pisar no primeiro degrau que dava acesso à Divineia, Perseguidinha morreu com dezessete tiros nas costas. O primeiro a matou.
Sozinha, Josefina estava ao esquecimento novamente. Ainda que permanecesse na escola, continuou no analfabetismo e se tornou mulher aos doze vivendo no banco da praça. Ganhou um real por dia por serviços prestados aos taxistas que batiam ponto em frente à Confeitaria Caprichosa. Seus serviços eram prestados no banco detrás dos carros que ficavam ali pela madrugada, ou na Reserva Florestal do Grajaú, com os que trabalhavam de dia. Aos quatorze anos, assassinou no banheiro feminino da escola, com uma navalhada no pescoço, uma periguete que a chamou de puta. E todos foram felizes para sempre. Fim.
Linguona e Perseguidinha eram mulheres que viviam em matrimônio estável e amável no barraco construído com muito sacrifício no Morro da Divineia, entre os bairros do Grajaú e Andaraí. Acharam a pequena na Praça Edmundo Rego (pracinha) brincando com os pombos, abandonada e desencontrada. Levaram-na, deram banho, alimentaram bem, a matricularam na Escola Municipal Lourenço Filho e tentaram dar umas cafungadas na moça, já com onze anos, pois não eram suas parentas no fim das contas e isso Deus perdoa. Conseguiam alguma coisa, durante o sono de Josefina.
A trajetória de Linguona e Perseguidinha teve uma separação, apesar de tudo. Linguona vinda do Morro de São João e Perseguidinha dos Macacos, eram como Romeu e Julieta: suas comunidades não eram muito amigáveis uma com a outra. Como fofoca é algo que pega mais que sanguessuga, Linguona ouviu um caso de que Perseguidinha estava de romance com uma moça rica de Ipanema, toda da dondoca e da caminhoneira. Sangue a fervilhar pelas ventas, Linguona mandou que os donos do São João matassem Perseguidinha. Um dia, saindo do 435 (Gávea – Grajaú), vinda do serviço, Bandidão Primeiro e Bandidão Segundo sorrateiros que nem sombra foram atrás da coitadinha. Antes de pisar no primeiro degrau que dava acesso à Divineia, Perseguidinha morreu com dezessete tiros nas costas. O primeiro a matou.
Sozinha, Josefina estava ao esquecimento novamente. Ainda que permanecesse na escola, continuou no analfabetismo e se tornou mulher aos doze vivendo no banco da praça. Ganhou um real por dia por serviços prestados aos taxistas que batiam ponto em frente à Confeitaria Caprichosa. Seus serviços eram prestados no banco detrás dos carros que ficavam ali pela madrugada, ou na Reserva Florestal do Grajaú, com os que trabalhavam de dia. Aos quatorze anos, assassinou no banheiro feminino da escola, com uma navalhada no pescoço, uma periguete que a chamou de puta. E todos foram felizes para sempre. Fim.
domingo, 17 de junho de 2012
Exposição paralela à Rio+20 leva o visitante a refletir sobre o passado e futuro da humanidade
O
filósofo Immanuel Kant (1724-1804) fez quatro perguntas: “Que
posso saber?”, “Que devo fazer”, “Que posso esperar” e
“Quem é o homem?”. São estas as perguntas que norteiam a
exposição Humanidades
2012,
em pleno Forte de Copacabana até 22 de junho, paralela aos debates
da Rio+20,
no Riocentro. Gratuito e livre para todas as idades, entre 10h até
22h (último entrada do público às 21h).
O
que o homem pode saber sobre os recursos naturais? O que o homem deve
fazer para transformar a economia mundial em mais sustentável e
igualitária? O que nós podemos esperar das autoridades mundiais
para uma mudança significativa do cenário de exclusão e recessão
econômicas? Quem é o homem, animal que manipula o meio em que vive
e que é manipulado por ele?
São
mais de dez salas interativas, onde o visitante encontra informações
sobre o passado, o presente e as expectativas para o futuro do Brasil
e do mundo. Há espaços onde se encontra desde a origem da
construção da sociedade brasileira no século XVI, até um stand
sobre o Museu
do Amanhã.
Este, a ser construído no Cais do Porto, com o intuito de ser um
museu de ciência “aplicada à exploração das possibilidades para
o futuro” em se tratando de economia, medicina, sociologia, dentre
outras questões.
– É
uma exposição muito educativa e interessante para a nova geração
– afirmou Luisa Garcia, professora e guia de um dos muitos grupos
estudantis que visitava o local.
No
dia 14, até às 17h, 21 mil pessoas morreram de fome
A
conscientização para os perigos dos nossos atos em vista do futuro
da humanidade é ponto frequente na exposição dirigida e criada
pela artista Bia Lessa. Painéis com atualizações ao vivo revelavam
que, até às 17h do dia 14 de junho, cerca de 4.4 milhões de
toneladas de resíduos tóxicos foram deixados no meio ambiente; 5.4
mil hectares desertificaram-se; US$ 3.2 bilhões foram gastos com
forças armadas ao redor do mundo; $ 125 milhões em videogames; e em
torno de 21 mil pessoas morreram em decorrência da fome.
“A
partir dessa construção, o Brasil pretende unir os diferentes povos
e colaborar para a transformação do planeta”, escreve Bia no
panfleto de divulgação da Humanidades 2012, única fonte em papel
de distribuição do evento. “Estamos diante de um limite, onde não
há mais espaço para um pensamento voltado apenas ao acúmulo de
capital”, completa.
Hoje,
33% do território nacional é protegido por unidades de conservação
e terras indígenas legalmente instituídas. Já o que restou dos
índios aqui gira em torno de 340 mil habitantes, com o Rio de
Janeiro – estado sede da Rio+20
e suas ramificações como Cúpula
dos Povos
e Humanidades
2012,
além de ter no passado sediado a famosa Rio92
– tendo em seus limites uma população de apenas 330 deles,
perdendo apenas para Santa Catarina, com 310 índios.
– Eu
acho que o debate é muito bom, mas falta boa vontade de muitos
países ricos para fazer algo – disse Alessandra Almeida, estudante
de Ciências Sociais da Universidade Estadual do Rio de Janeiro
(Uerj) em visita com a família à sexta sala da exposição,
“Produções Humanas”.
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