sexta-feira, 20 de julho de 2012

sexta-feira, 13 de julho de 2012

A Graça


Aretha Franklin foi criada na Igreja Batista dos Estados Unidos. Na adolescência, já cantava nos cultos comandados por seu pai, C.L. Franklin. Ficou famosa sua gravação de "Precious Lord", aos 14 anos de idade. Porém, o sucesso comercial veio a partir dos anos 1960, com o soul e o blues. Por quase dez anos, Aretha cantou músicas de amor, deixando supostamente de lado a religião. Eleita pela revista "Rolling Stone" a maior cantora do século XX, os irmãos de fé de Aretha a criticavam por ter abandonado Jesus. O jejum teve fim definitivo em janeiro de 1972, com a gravação em Los Angeles (Califórnia) do cd "Amazing grace", na New Temple Missionary Baptist Church. Ganhou o Grammy pela empreitada. Já um mistério ronda a gravação. O cineasta Sydney Pollack acompanhou Aretha para a realização do documentário-musical com os bastidores de "Amazing grace". Até hoje ele não foi finalizado, Pollack morreu e Aretha não o libera ao público.

terça-feira, 10 de julho de 2012

Lavoura arcaica

"O equilíbrio da vida depende essencialmente deste bem supremo, e quem souber com acerto a quantidade de vagar, ou a de espera, que se deve pôr nas coisas não corre nunca o risco, ao buscar por elas, de defrontar-se com o que não é. Ai daquele que queima a garganta com tanto grito: será escutado por seus gemidos; ai daquele que se antecipa no processo das mudanças: terá as mãos cheias de sangue; ai daquele, mais lascivo, que tudo quer ver e sentir de um modo intenso: terá as mãos cheias de gesso, ou pó de osso, de um branco frio, ou quem sabe sepulcral." (Raduan Nassar)

sábado, 7 de julho de 2012

O pior livro de Virginia Woolf ainda assim é um bom livro

"Via a água barrenta e a praia deserta. Mas a vida é vigorosa; o corpo vive e era o corpo, sem dúvida, que ditava a reflexão que o fez mover-se. A gente pode, afinal, deitar fora as formas dos seres humanos e reter, no entanto, a paixão - que antes parecera inseparável do seu invólucro carnal. Agora essa paixão queimava no horizonte, como um sol de inverno a abrir no poente uma janela verde através de nuvens que se adelgaçam. Seus olhos estavam postos em alguma coisa infinitamente longínqua, remota. Com essa luz achava que seria possível caminhar; e com ela haveria de encontrar, no futuro, o seu caminho. Era tudo o que lhe restara de um mundo populoso e fervilhante." (Noite e dia - Virginia Woolf - página 199 - capítulo 12)

terça-feira, 3 de julho de 2012

Dadaismo


Mas quais são as diferenças entre ser e estar? Hoje eu estou, amanha eu sou, hoje eu sou isso, amanha eu sou aquilo. Mentira, eu não sou absolutamente nada de diferente, continuo com o trauma em mim e eu existo permanecendo no trauma traumático pela traumatização, já que escrevo por não ter nada a fazer no mundo, sobrei e não há lugar para mim na terra dos homens, escrevo porque sou um desesperado e estou cansado, não suporto mais a rotina de me ser e se não fosse a sempre novidade que é escrever eu me morreria simbolicamente todos os dias, mas preparado estou para sair discretamente pela saída da porta dos fundos, já experimentei quase tudo, inclusive a paixão e o seu desespero e agora eu só quereria ter o que eu tivesse sido e não fui. Eu não entendo porque cito tanto Clarice Lispector. Mentira, eu sei: ela me fascina. O problema é que ela fascina a todos e eu tenho a impressão de que as pessoas pensam que eu sou clichê. Mas eu não sou clichê. Eu sou um grande intelectual, um grande escritor, um grande, assim como afirma Jonathan Franzen, eu abro os olhos da medíocre humanidade. O que significa ser feliz? Eu não compreendo essa situação, pois vivo de momentos inconstantes, quando um dia tudo é meu e basta passar o momento de euforia e eu entrar no ônibus para que tudo deixe de ser meu. A pior coisa foi estar ali sentado na mesa e o homem que não me conhecia, perguntou: “Mas quem é que escreveu isso?”, de maneira repressora. Alguém diz: “Ele”, quando eu estava a seu lado. Eu não fui aprovado. Pior que isso é verdade, realmente verdade. A maior parte do que escrevi é verdade. Acho que esse está sendo um dos principais motivos para a minha literatura não estar andando. Minha literatura está sendo muito repetitiva porque eu vivo uma vida muito repetitiva e como minha literatura é a minha vida , uma é mais viciada que a outra.