Houve uma diáspora ibérica, que levou gente pequena e redonda para fora de sua origem, deixando a mesmice da vida das vacas e da colheita de lado e a colocando em um navio. Até o terceiro e último grande fluxo de imigração galega, outra história passou a ser contada em continentes diversos. Quem são eles? Não são espanhóis porque são galegos e vivem na Galícia e falam o idioma galego, meio português meio espanhol. Não são brasileiros, não são argentinos, não são sul-americanos em geral. Se independentes fossem, mais pobres do que já são seriam, portanto morreriam. A geração de antes, pertencente à Primeira e Segunda Guerra Mundiais além da Guerra Civil Espanhola, hoje se vê diante de duas realidades distintas. A verdade da gente que imigrou, na esperança de uma América de vitória, está diante dos anos dois mil idosa e com identidade do país onde vive há anos, ainda que jamais deixe de sentir a terra deixada para trás. Com uma família já formada em terras pré-colombianas e urbanas, o que fazer de seu sangue e passado? A verdade dos que não imigraram e permaneceram no extremo esquerdo ao norte da Península é uma vida de luto, na batalha perdida das parreiras, com suas gerações futuras sem pretender nem um mínimo possível trabalhar na sofreguidão braçal. Sem ninguém mais para produzir e passar para outras gerações o miserável ofício do suor, qual a razão para usufruir os dias? Quem para a cidade estrangeira foi hoje está menos no fim do que os que permaneceram, além de ter mais intenção de ir e voltar sempre que se pode para a terra natal. Mas sempre voltam e largam Galícia, como antes já o fizeram. Os que lá estão devem se contentar em dar oi e tchau, tanto para os parentes visitantes, quanto para as suas gerações que não querem saber de mais nada daquilo, assim como para a vida que depois de certo tempo se resume a uma roupa pretinho básico pela morte do companheiro. A Galícia como se estereotipa daqui a pouco ainda se dissipa. A Galícia de verdade hoje é o mundo; um mundo sem propriedade e espalhado, arraigado na religião. Na diáspora ibérica, o amor está na vida um dia vivida, ainda vivida e sempre a ser vivida.
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