quinta-feira, 20 de janeiro de 2011
Como a morte deve ser vista?
Quando pensava que iria um dia morrer, gostaria muito de saber como sentiria-se neste tão sublime momento. A partir dos oito anos de idade, que foi quando tomou consciência de si mesmo e do mundo como algo diferente dele, imaginou que morrendo, subiria como que por um caminho feito de nuvens, vertical, em direção ao céu, e que lá em cima Deus o estaria aguardando, de braços abertos. Juntamente, tudo que embaixo tinha, encima haveria da mesma forma, só que composto de nuvem: uma mesa de nuvem, um prato de nuvem, uma cadeira de nuvem. Em relação às pessoas, não seriam de nuvem, mas estariam vestidas com uma camisola cinza fluorescente. Ao pensar, aos oito, nesta situação, era padrão que visse seus parentes já mortos sentadinhos em mesas de nuvem, no canto direito, sorrindo para ele, de camisolas. Mas como a partir dos dez começou a duvidar de Deus e de sua existência, tal paradigma mortífero passou a ter que, necessariamente, diferenciar-se. Portanto, como ver o dia depois de amanhã? Ou não, como sentir-se ao saber de fato que amanhã será o dia depois de amanhã?
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