Ontem, na Fosfobox, em Copacabana, tocando aquela música do filme 'Closer', chamada 'The blowers daughter', ou coisa assim, e vendo um casal que aparentemente se amava muito brigar, quase chorei. É verdade. Fiquei observando os dois por muito tempo, intercalando momentos de virada de rosto pela vergonha de ser visto espionando a vida alheia. Mas em todo o caso era por uma boa causa: eu torcia mentalmente para que eles voltassem a ficar de bem e via nos dois uma realização pseudo-amorosa muito interessante.
Enfim, um era feio, o outro era bonito. O feio era magro e baixo e o bonito era alto e forte. Realmente isso só acontece com os outros feios, cá entre mim e eu mesmo.
***
Soneto da separação (Vinícius de Moraes)
De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.
De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.
Fez-se do amigo próximo, distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.
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