quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Copacabana na vida de Memélia


Por esses dias fiquei pensando sobre o bairro de Copacabana, carioca da Zona Sul. Então, dizem que lá é onde há o maior índice de pessoas da terceira idade por quilômetro quadrado, ou algo do tipo. Enfim, sabe-se que lá existem muitos idosos. Aí, vem à cabeça o pensamento de que lá deve haver qualidade de vida. Mas será que isso é verdade?


Ao pensarmos que, nas décadas de 1940 e 1950, Copacabana era o auge do glamour e sofisticação, é de se crer que os idosos que hoje lá vivem não são nada mais do que os jovens que naquela época lá estavam. Então, eles apenas não sairam de onde sempre viveram, por laços afetivos e/ou financeiros, não porque é um bairro calmo, bucólico, ótimo para as caminhadas dos senhores e senhoras.


Sendo assim, Copacabana vive os resquícios do que foi um dia.


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Como os jornais de classes altas não nos permitem esquecer, esse mês Dona Maria Amélia, mais conhecida como Memélia, mãe de Chico Buarque, fez aniversário de 100 anos, comparecendo à festa personalidades ilustres, como o presidente da República Luis Inácio Lula da Silva e sua candidata à sucessão, Dilma Rousseff.


Pensemos, portanto, sobre como deve ser chato ser desta família:


O marido de Maria Amélia é Sérgio Buarque de Holanda, historiador bastante conhecido. Possuem dois filhos cantores, Chico Buarque e Miúcha, expoentes da Bossa Nova e de qualquer outro movimento músico-cultural do final do século XX. Miúcha teve um relacionamento com o igualmente cantor famoso João Gilberto e dessa relação nasceu Bebel Gilberto. Por sua vez, Chico Buarque casou-se com Marieta Severo, grande atriz, e tiveram Silvia, não tão conhecida assim, mas ainda atriz. Por último, o primo de Maria Amélia é Afonso Arinos de Mello Franco, membro da Academia Brasileira de Letras.


Ah, Memélia mora em Copacabana.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Gafes BBBnianas

De Pedro Henrique de Freitas, para Guido Arosa, no Orkut:

"A Hora da Estlela
25.Jan.2010

Serginho, Lia e Fernanda conversando na varanda sobre literatura.

Serginho: – Eu nunca li Clarice Spektor.
Lia: – Clarice LINSpector, pô.
Serginho: – Ah, Linspector. Então, nunca li. Diz que é bom.
Fernanda: – Eu também nunca li o livro, mas já li resumo."

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sábado, 23 de janeiro de 2010

Erros no jornal e erros na revista - Coisas sobre propaganda e Haiti




Eu gosto muito mais dos jornais de sábado do que os de domingo. Pelo menos as edições do jornal "O Globo" dos sábados são minhas preferencias. Ainda que sempre se compre mais jornal aos domingos - George Vidor, colunista do jornal, em palestra na PUC-Rio, em 2008, comenteu uma gafe, afirmando que vendia-se mais jornais aos sábados -, acredito que a edição de sábado é muito mais interessante e informativa, já que traz informações de sexta-feira, um dia útil, além de contemplar-nos com suplementos como "Prosa & Verso", "Ela" e um bom "Segundo Caderno".

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Na edição de hoje de "O Globo", dia 23 de janeiro de 2010, no caderno de Economia, a jornalista Maria Fernanda Delmas, que cuida, interinamente, da coluna "Negócios & Cia", originalmente de Flávia Oliveria, afirma que a nova propaganda do curso de inglês CCAA será lançada na quinta-feira.

Hein?! Se eu não me engano, ela já está na televisão há um bom tempo.

"Derrubado pela língua - O rapazinho na imagem acima (o jornal reproduz uma foto do casal beijando-se no carrossel) beija sem parar a namorada para não precisar falar inglês com ela. Como não domina o idioma, é derrubado por ele. É o mote da nova campanha do CCAA, a 1ª criada pela NBS. Estreia quinta."

O YouTube existe para provar que eu não estou mentindo:


Foi postado em 13 de janeiro de 2010.

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Meu Deus, o que foi as capas com a mesma foto das edições de semana passada das duas principais revistas semanais de informação do Brasil, "Veja" e "Época"??!!
Não é por nada, não, mas acho que eles deveriam ter mais cuidado editorial e buscar inovações, não cópias e repetições.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

A sacanagem na Ilha de Itaparica


Um amigo me emprestou o livro "A casa dos budas ditosos", de João Ubaldo Ribeiro (aquele... pai do Bento Ribeiro, que apresenta o "Furo MTV"e já fez novale na Globo), lançado em 1999 pela editora Objetiva, fazendo parte da coleção "Plenos pecados" ou algo assim. Como a maioria já sabe, o livro trata da safadeza e já foi encenado por Fernanda Torres, no teatro.

Bem, em uma introdução do livro, Ubaldo diz que o relato foi enviado a ele, através de seu porteiro, com umas iniciais, revelando que era uma mulher que tinha dito aquilo tudo e alguém transcrito e que ele, Ubaldo, só estaria passando adiante o relato. Ou seja, ele não teria escrito nada.

Mas como acreditar tão fielmente nisso, se o livro fala da Bahia, Rio de Janeiro (mais especificamente de Ipanema), de "ilha" (algo que ele sempre se refere em suas colunas dominicais ao jornal "O Globo") e Itaparica, região natal dele??!!

Heim, seu João Ubaldo Ribeiro, acho que é o senhor quem é o sacaninha da história toda, não?!

sábado, 16 de janeiro de 2010

Empolgação festiva

Sim, estou aqui diante de minha nova ferramenta tecnológica. Por incrível que pareça, acabei de descobrir, em apenas algumas horas, onde está o ponto de interrogação do netbook. Mais uma vitória.

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Ontem, na ULC (Ultra Love Cats, para os desinformados), primeira do ano, me senti a melhor das pessoas.

Sim, quase todos os meus amigos foram! Além de quase todos terem ido, encontrei vários outros conhecidos, não peguei fila (porque eu sou VIP e entrei em lista de aniversário), dancei bastante, beijei e aproveitei a primeira balada do ano!

O mais lindo de tudo: encontrei Renata, amiga de infância, lá!

Uhu, Nova Iguaçu!

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Sergio, atual líder do "Big Brother Brasil 10", segundo DJ Buba, um dos que comandam a ULC, participará da primeira festa logo após sua saída da casa. Apelam os DJ's: "votem a favor dele!"

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Big Brother Brasil 2010


Ontem, depois da novela "Viver a vida", teve a estreia do "Big Brother 10", com Pedro Bial no volante e outras pessoas no banco traseiro. Sendo assim, seguindo o euforia que a mídia encontra com o recomeço desse tipo de programa, vamos a algumas considerações:

1) Apenas pelo motivo de se terem três homossexuais no programa, não se fala de outra coisa além de sexo? Por que necessita-se associar sempre essa questão da vida da pessoa, que é apenas uma parcela dela, como se fosse tão determinante assim? Outra coisa, segregar os três em um grupinho, minorizando-os e segmentando-os, faz apenas com que a homossexualidade seja vista mais como minoria e seja ainda mais estigmatizada, pois a verdadeira conquista dos direitos civis dos mesmos é quando eles podem e conseguem ser vistos como iguais, que realmente são, em relaçõa a todos os outros da casa.

2) Fora o item 1, acho que mesmo se esses três não estivessem na casa, eles também só falariam mesmo de sexo. Deu até vergonha ver ontem o programa. Bial estava extremamente inspirado nas perguntas picantes e indiscretas.

3) Tudo bem que eu não ache que aquelas pessoas que sempre entraram no "BBB" fossem de verdade anônimas, com algumas excessões, claro. Mas agora é extremamente grotesco o fato de que todos que estão ali já eram, anteriormente, pseudo celebridades em algum meio. Sérgio e Tessália já eram conhecidos da internet; dizem que Dicesar era cabeleireiro ou maquilador de Angélica e companhia... Não que eu critique o fato, longe de mim, mas por que promover um envio de milhares de vídeos de anônimos, se se sabe que eles escolherão quem já é conhecido de alguém ou o mais bonito que um olheiro ver na balada?

sábado, 9 de janeiro de 2010

O Posto 9, melhor do Rio


Hoje, acordei com vontade de escrever e reavivar este espaço literário há tanto tempo entre a vida e a morte iminentes. Sendo assim, acho que recomeçarei a empreitada contando como foi a minha ida à praia, ontem.

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Consolidou-se, definitivamente, o fato de que o Posto 9, na praia de Ipanema, próximo à esquina da Avenida Vieira Souto com a Rua Joana Angélica, é o pedaço de areia mais disputado e badalado de todas as praias da cidade do Rio de Janeiro. Há anos que sou frequentador assíduo dessa praia, e ontem, como o verão pede, fui até ela, juntamente com três amigos da Escola de Comunicação.

Mais especificamente, vou à Ipanema desde 08 de janeiro de 2005, quando, saído da casa de minha avó, fui até lá, decidido a pegar um bronze, me divertir e pensar na vida, com aqueles quase poucos 15 anos de idade. Antes, ia ao Arpoador, com meu avô e sua esposa, sendo que antes disso, com meus pais e outras pessoas da família, frequentava mais a Barra da Tijuca. Mas chega a razão à vida de uma pessoa e ela passa a ir onde é o point, Ipanema.

Ficava mais próximo ao Posto 8, mas agora estou ficando para o 9. Ontem, dia 08 de janeiro de 2010, exatos 05 anos de minha vitoriosa ida à felicidade, fui à praia sem saber que ela seria tão badalada assim. Vamos aos fatos:

1) Um repórter do jornal "Extra", com fotógrafo, estava bem em frente a nós entrevistando vendedores ambulantes de mate, vestidos com a roupa tradicional do Mate Leão. Não sabíamos que ontem foi o dia da liberação do mesmo, em galão, pela prefeitura, que o choque de ordem havia proibido, mas que por força maior da cultura e memória da população, voltou atrás. O esforçado repórter, sofrendo com tênis, calça jeans e camisa fechada, fazendo companhia a um fotógrafo gordinho com toalhinha cobrindo a careca do calor, pedia aos vendedores que brindassem com um copo da bebida e fazia perguntas aos banhistas. Movimentação geral para sabermos se seríamos entrevistados, se uma foto por acaso nossa poderia ser tirada, mas como somos meros anônimos, nada de entrevistar-nos, nem fotografar-nos.

Foi então que, hoje pela manhã, folheio o primeiro caderno do jornal "O Globo", pai rico do "Extra" e vejo, logo abaixo da previsão da meteorologia, reportagem do querido coleguinha que vimos a nossa frente: "Liberada a venda de mate de galão nas praias - Paes toma decisão por considerar que bebida é uma tradição nas areias; produto será examinado pela Vigilância Sanitária", por Antero Gomes, do "Extra", com foto de Guilherme Pinto, o homem da toalhinha rosa na cabeça.

2) O "Fashion Rio" está aí, ontem também foi seu primeiro dia, e a modelo e apresentadora do canal de televisão por assinatura GNT, Mariana Weickert, foi também ao Posto 9 entrevistar pessoas comuns sobre o modo de usar e escolher seus biquinis. Só que como em TV tudo é moldado e figurado, muito pela imagem do produtor, muito antes da modelo branquela gaúcha, de vestidinho rosa tomara que caia e óculos escuros Ray Ban chegar, já estavam torrando no sol técnicos da Globosat e uma moça, que deveria mesmo ser a pobre coitada da produtora. Muito depois, quando a modelo chegou, mais gente ainda com ela chegou também. Com a mesma expectativa em relação a nossa imagem que foi evidente com o jornal "Extra", esperávamos que a moça nos estrevistasse, coisa que não aconteceu, muito porque éramos todos homens, e ela queria saber mais é de mulher.

Mas preciso dizer: ela é alta demais, tem nariz grande demais, seu sotaque gaúcho ainda é evidente demais e eu já a tinha visto antes, quando ainda estudava na PUC, na entrada da faculdade, à noite, fazendo entrevistas para o "GNT Fashion", bem ao lado da fumaça do churrasquinho.

Não quis me entrevistar, é nisso que dá. Falo mesmo, porque homem branco, que nem eu, não tem papas na língua.

P.S.: Guilherme Zaiden, in memorian.

3) Um bando de malandrinhos estavam se divertindo em seus possantes jet skis, muito próximos da faixa de areia. Um abursdo, perigo aos banhistas, ultraje aos pobres coitados dos simples jogadores de frecobol que estavam lá atrás, na areia quente, e triste a barraquinha do choque de ordem, bem em frente ao Posto 9, não fazer nada. Já estávamos de saída quando isso aconteceu, tomando banho do chuveirinho, e percebemos que alguns banhistas estavam aplaudindo essas pessoas. Espero que estivessem, sinceramente, aplaudindo ironicamente esses caras.

4) Por último, quase ia me esquecendo: três gringras, ao nosso lado direito, estavam praticando top less! Duas até que tinham petchólas de respeito, mas a terceira, mais morena, meu Deus, fazia o estilo Fernanda Torres de viver. Elas realmente não tinham vergonha do que estavam fazendo, achavam que estavam em Ibiza ou Saint Tropez, mas o bom é que ninguém criticou, não a acusaram de atentado ao puder e, convenhamos, tem umas que usam um biquini que é praticamente uma nudez explícita.

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Finalizando o post, não vi e nem senti o cheiro de nenhum maconheiro nem de maconha, respectivamente. Não é que o Posto 9 esteja perdendo sua fama, fonte de renda, e graça, mas é que o pessoal deve estar com vergonha e esperando essa onde de civilidade do Eduardo Paes passar.

P.S.2: Post em memória de Fernanda Amorim, que leva a felicidade para o Arpoador.

domingo, 3 de janeiro de 2010

A imprensa brasileira até os anos 1960: análise questionada sobre obra de Nelson Werneck Sodré


“A história da imprensa no Brasil” foi lançado em 1966, por Nelson Werneck Sodré. Tendo durado cerca de 30 anos para ser concluído, o livro é alvo de resenha, para o término da disciplina, ministrada pelo professor Renzo Taddei, História da Comunicação. No estudo, uma análise será feita da página 306 até a página 449, perpassando pelas partes “Imprensa proletária” (página 306), “Imprensa política” (página 323) e “A imprensa burguesa” (página 355), pertencentes ao capítulo denominado “A grande imprensa”, assim como à “Condições gerais” (página 391) e “O controle da imprensa” (página 410), alocados no capítulo “A crise da imprensa”. Portanto, como forma de introdução aos temas debatidos tanto no livro como neste trabalho, problemáticas hão de ser discutidas, como a aparente e suposta desatualização da obra aos dias atuais, pois foi lançada na década de 60 do século passado; a consideração, por parte do autor, de que imprensa é sinônimo de jornal e revista, excluindo-se, assim, a televisão e o rádio: “Jornais e revistas – para só examinar o caso da imprensa – são submetidos a condicionamentos os mais diversos” (página 448); e o fato de que o livro foi publicado em plena ditadura militar (1964-1985), o que preocupa no que se refere a possíveis cerceamentos de opiniões e a polarizações ideológicas. Do mesmo modo, outras questões serão debatidas, para um melhor entendimento de uma das principais obras de estudo da Comunicação no Brasil.

Para início de resenha, Sodré, morto em 1999, aos 88 anos de idade, com “A história...” já em sua quarta edição, dá princípio à “Imprensa proletária” citando a criação, em 1901, da Federação dos Estudantes, no Rio de Janeiro. Poucas páginas depois, vem a criação da ABI, Associação Brasileira de Imprensa, em 07 de Abril de 1908, tal data passando a ser conhecida como o dia do jornalista. Surge à tona o caso da desorganização profissional latente no exercício do jornalismo, muito vista ainda hoje em dia, quanto mais no começo do século XX, que é contrastada ao surgimento dos sindicatos. Mais que tudo, como forma de justificar a necessidade de uma melhor organização por parte destes trabalhadores, foi o fato de a imprensa ter atingido uma etapa capitalista industrial e empresarial, ultrapassando, definitivamente, a fase majoritariamente amadora, tendo na ABI o resultado mais concreto disso. Do mesmo modo, o livro já se refere à linha tênue entre a imprensa e o governo, que por vezes é extremamente amigável e por outras nem tanto, no que diz respeito à inicial falta de credibilidade da Associação, tendo passado por sete sedes diferentes, até que Pedro Ernesto, em 1932, lhe concede sede fixa. Em nota de rodapé, de número 229, na página 309, o autor assinala caso “interessante”, em que a ABI consolida-se e enriquece de modo definitivo com o governo de Getúlio Vargas durante a ditadura do Estado Novo, na década de 1930.

Com esta parte do livro, surge a questão que tanto atormenta os jornalistas, de modo infundado por uns, ainda que por outros não: a organização, sistematização, sindicalismo. Os donos dos jornais, vistos pelo livro como predadores capitalistas interessados mais no dinheiro do que no interesse tanto público, quanto do seu jornalista empregado, veem seus subordinados como agitadores sociais, não vislumbrando com bons olhos seu ajuntamento. Trazendo a discussão para tempos mais modernos e atuais, fazendo-se um link entre o exposto no capítulo e hoje em dia, há a discussão sobre o diploma do jornalista, se deve ser obrigatório ou não. Mais do que saber se é preciso ou não uma formação mais específica em Comunicação para o exercício da profissão, o tema foi posto em questão para demonstrar que, mais que tudo, o jornalista associa leis, regras, organizações socialmente bem estruturadas e organizadas a um possível cerceamento da liberdade tanto de informação e de informar, quanto à do próprio jornalista. Outro fato atual que vem agregar valor à tese da dialética entre organização jornalística e liberdade é a 1ª Conferência Nacional de Comunicação, realizada em Dezembro de 2009, em Brasília. Tanto o jornal “O Globo”, em editorial do dia 18 de Dezembro, assim como a revista “Veja”, em sua edição de 23 de Dezembro, condenaram as “decisões” da Conferência, afirmando que é um ato governamental que pretende cercear a liberdade de imprensa e que se seguido levará a uma imprensa estática e oficial, como ocorre, segundo a direitista “Veja”, em Cuba, com os Castro. Mais adiante, em “O controle da imprensa”, Sodré expõe problemática semelhante, relatando a atitude do governo em denunciar a imprensa no que se refere às suas conexões e interesses internacionais.

O livro, infelizmente, por vezes faz confundir a organização sindical dos jornalistas em si com o noticiário das greves e sindicatos civis espalhados principalmente por Rio de Janeiro e São Paulo. Descreve mais o último do que o primeiro, demonstrando o receio da imprensa em relação às ideias marxistas, dentre outras semelhantes do gênero, e o surgimento de periódicos destinados à causa sindical proletária, existente muito também em consequência dos imigrantes europeus. Vê-se que esses jornais menores são duramente reprimidos e não duram muito tempo. Exemplos, segundo o autor, destes, são “A Esquerda”, “O Jovem Proletário”, “Movimento Comunista”, dentre outros. É neste capítulo que, por fim, se percebe que o livro é, por muitas vezes, apenas um aglomerado de nomes e datas, ao invés de se mostrar mais crítico. No entanto, mais ao seu fim, percebe-se uma maior crítica, em detrimento da grande enumeração de nomes, fatos e da-tas. Ponderando, justamente, há que ser pensado, também, que o livro foi lançado em 1966, dois anos após o Golpe Militar, em que a liberdade de expressão era diminuta, principalmente no que dizia respeito ao proletariado sindical comunista.

Em “Imprensa política” o autor dá bastante ênfase ao jornalismo no que diz respeito a sua evolução como produto de linguagem e de comércio, onde há a consolidação do lead e do, segundo Sodré, sublead genuinamente brasileiro. Há, interessantemente, quebrando-se, para o leitor, a chatice de se ler seguida e mecanicamente pontualidades, o relato de “causos” jornalísticos da época, sendo protagonistas, dentre eles, Lima Barreto, João do Rio e Monteiro Lobato. Conexão forte faz o livro com a literatura, mostrando que os jornais davam muita ênfase ao produto literário e que davam espaço para o lançamento de contos, poesia e, mais que tudo, livros, sendo distribuídos em capítulos durante as edições do periódico. Como percebe-se, o autor faz, indiretamente, um bom estudo sobre o movimento pré-modernista brasileiro, alavancada por Barreto e Lobato. No entanto, como o título remete, onde se encontra o “político” desse jornalismo? O autor dá bastante ênfase a, como já citado, consolidação do lead, aos avanços e inovações jornalísticas, como, “em 1893, a primeira seção feminina da imprensa brasileira, a cargo de Clotilde Doyle” e o firmamento do “Jornal do Brasil” como o grande jornal brasileiro, em situação semelhante com “O Estado de São Paulo” e o aparecimento do nome Assis Chateaubriand.

Em “A imprensa burguesa” tem-se a definitiva noção de que não há mais espaço para jornais de pequeno e médio porte, que se destinam a pequenas parcelas da popula-ção e que refletem atitude “rebelde”, dando o autor exemplos disso. “Os jornais e revistas de vida efêmera são muito mais raros agora;” (página 371). No capítulo, também, há grandes citações do “JB” e do “Estadão”, como são mais conhecidos os últimos periódicos citados anteriormente, no último parágrafo. Atualmente, eles não são mais o que eram, sendo o “JB” mais falido do que o “Estadão”. Tendo o primeiro mudado de formato, colorido seu logotipo e amargado total perda de influência política e social, o último ainda se encontra, a duras penas, entre os mais vendidos, ainda que esteja, assim como a maioria dos “grandes jornais”, perdendo espaço para os jornais populares, como já debatido durante aulas de História da Comunicação. Ainda que demore, o autor cita o jornal “O Globo”, esmiuçando a trajetória de Irineu Marinho com o jornal “A Noite”, sua venda e o lançamento, em 25 de Julho de 1925, do periódico que até hoje existe, que dá nome a rádio da Organização, assim como à rede de televisão. Indiretamente, de certa forma, vê-se que o jornal “O Dia”, ainda hoje também em circulação, é fruto dos Mari-nho, haja visto que ele foi da mesma origem do jornal “A Noite”.

Ao referir-se, no parágrafo anterior, à televisão, vem à questão o fato de que o autor não coloca na mesa de debates da história da imprensa brasileira, quase em nenhum momento, a televisão. Quando o livro foi lançado, a televisão, no Brasil, já se fazia presente há 16 anos e durante todo o fim do século XX e início do XXI foi um dos principais, senão o principal, meio de comunicação de massa. Com isso, crê-se, mais que uma displicência autoral e defasagem em relação aos tempos atuais, houve um problema oriundo da geração do Sodré. Realmente, naquela época, o maior importante e o que se considerava “imprensa séria” eram os impressos, até atualmente tal situação per-maneça de certa forma a mesma. O autor apenas se refere à televisão no caso do surgimento da “TV Globo”, em 1965, pondo em questão o problema de sua criação, com acordos complexos entre Roberto Marinho e o grupo “Time-Life”, dos Estados Unidos. Mas por mais que se compreende essa questão, o autor poderia dar algum enfoque à “TV Tupi” e outras, que perpassaram as décadas de 1950 e 60, importantes para o de-senvolvimento da Comunicação no Brasil.

Chegando-se ao fim do livro, em “A crise da imprensa”, grande espaço é dado para o debate da disponibilidade e custo do papel para a imprensa nacional e também a crise originária no governo no que se refere à camada publicitária “financiadora” dos periódicos. Naturalmente, mais a primeira que a segunda, é de se espantar que essas questões sejam vistas hoje em dia como problemas merecedores de atenção. Hoje em dia, a problemática é bem outra. Interessante e extremamente relevante saber da situação à época, mas para o leitor atual, soa completamente defasado tal discurso. Sendo as-sim, seria mais interessante e auspicioso o autor ter dado um título menos definitivo ao livro, podendo ser ele algo como “A história em tal fase da imprensa brasileira”. Hoje, a crise vem da disputa dos periódicos e revistas com a televisão e outras mídias, principal-mente internet e a publicidade é vista com muito bons olhos, sendo o periódico e revista encarado como bom e isento na quantidade e diversidade de publicidade, mostrando-se, com isso, que não possui “rabo preso”. Como exemplo, há a revista “Veja”, que não é favorável à política do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010), mas que possui, em seu interior, muita publicidade estatal.

Outro problema agravador da crise, esse muito importante e completamente relevante, é a Ditadura Militar, explorada não grandemente, mas na medida certa, sendo cri-ticada e bem analisada, para as limitações da época, tanto no que se refere à repressão, quanto à proximidade dos fatos, ressaltando a tese de que a História só é contada depois que os fatos acontecem e não simultaneamente. O autor cita de modo mais veemente e espaçado a Ditadura do Estado Novo e outros momentos de repressão, expondo seu ca-ráter contrário à repressão, que em sua biografia pessoal é bem explícito, já tendo sido preso e cassado.

Com isso, diante de todo o exposto anteriormente, ainda que tenha sido uma resenha reservada a uma parte da obra, entende-se que ela é de fundamental importância para o entendimento da imprensa brasileira em desenvolvimento durante o século XX, que desemboca na imprensa que se tem na atualidade.

Top dos anos 2000

Primeiro post do ano. O blog até que está durando bastante tempo e com bastantes posts. Não que eles sejam de fato relevantes e comentados, mas pelo menos existem e estão persistindo. Como é o começo de um novo ano, mas mais especificamente uma nova década, vou fazer umas listinhas do que eu mais gostei nos anos 2000. Portanto, estou fazendo meu blog continuar existindo, ainda que enchendo linguiça com essas coisas que mostram apenas a opinião do autor do texto e que, na maioria das vezes, não mostram o que realmente aconteceu de bom durante o período de tempo analisado, vide as listas de melhores de fim do ano do jornal "O Globo" e de melhores da década da revista "Época", ambos das Organizações Globo, da família Marinho.

1) Melhor série de humor da televisão da década: "Os Normais", escrito por Fernanda Young e Alexandre Machado, estrelado por Fernanda Torres e Luis Fernando Guimarães;

2) Melhor programa de entretenimento e debates da televisão da década: "Saia Justa", primeiramente com Mônica Waldvogel, Marisa Orth, Fernanda Young e Rita Lee; depois com um monte de outras e agora com Mônica Waldvogel, Beth Lago, Márcia Tiburi e Maitê Proença;

3) Eu não tenho mais paciência para escrever e pensar nessas coisas.

Tchau.